Inpasa, de etanol de milho, investe R$ 5 bi em duas novas usinas

Por Eliane Silva

A Inpasa, maior produtora de etanol de milho da América Latina, está investindo R$ 5 bilhões na construção de duas novas plantas, uma em Mato Grosso do Sul e outra no Maranhão, e na expansão de duas unidades já instaladas em Mato Grosso. Segundo executivos da empresa, que faturou R$ 11,467 bilhões em 2023, os investimentos serão feitos com capital próprio.

“É 100% recurso próprio do empresário José Odvar Lopes, presidente e fundador da Inpasa”, diz Rodrigo Bicarato, gerente de comércio internacional da Inpasa, companhia que começou a operar em 2008, com uma planta em Nova Esperança, no Paraguai.

As duas novas unidades estão localizadas em Sidrolândia (MS) e em Balsas, a primeira do segmento no Maranhão. Segundo Bicarato, a planta de Sidrolândia, com capacidade para moer 2 milhões de toneladas de milho e custo estimado de R$ 2,3 bilhões, deve inaugurar sua primeira fase de operação no fim de agosto, e a segunda, em outubro. A construção da primeira etapa em Balsas começará em 2025.

A capacidade de processamento da unidade de Nova Mutum (MT) — visitada pela reportagem — foi duplicada em 2023 e chegou a 2 milhões de toneladas de milho. Localizada na beira da rodovia BR-163, a usina funciona 24 horas e recebe até 900 caminhões por dia no período da safra.

Em Sinop, também em Mato Grosso, está a primeira planta da Inpasa no Brasil. Considerada a maior usina de etanol de milho do mundo, teve sua capacidade duplicada este ano e agora pode moer até 4,3 milhões de toneladas em suas quatro fases. A outra unidade em operação fica em Dourados (MS).

De acordo com o executivo, as novas usinas vão elevar a capacidade de moagem da Inpasa em 2025 para 12,2 milhões de toneladas, com produção de 5,5 bilhões de litros de etanol e 2,95 milhões de toneladas de grãos secos de destilaria com solúveis (DDGS na sigla em inglês), coproduto resultante do processo de fabricação do etanol de milho que tem ganhado espaço na composição da ração animal.

Os números projetados incluem as duas unidades instaladas no Paraguai por Lopes, um produtor rural brasileiro que se mudou para o país vizinho, investiu em fazendas e encontrou no etanol de milho o negócio de sua vida, inaugurando sua primeira usina em 2008 no Paraguai. Onze anos depois, investiu na planta em Sinop, atraído pelo gigantismo da produção de milho do Estado na segunda safra.

Segundo a empresa, suas unidades no Brasil já produzem 10% do etanol de milho comercializado nas bombas do país e exportam o DDGS para 30 países da Ásia, América e Europa.

A companhia, a única exportadora de DDGS do Brasil, embarcou 273 mil toneladas em 2022. No ano passado, exportou 680 mil toneladas e prevê chegar a 800 mil toneladas neste ano. Os embarques ocorrem no porto de Imbituba, em Santa Catarina.

As fábricas do Paraguai também exportam, mas volumes bem menores. Foram 5 mil toneladas no ano passado e a expectativa é alcançar 40 mil toneladas em 2024.

Hoje as exportações representam 40% do volume produzido, mas o plano é elevar esse percentual, segundo Rodrigo Bicarato. Ele observa que, embora ainda embarque um volume pequeno, o Brasil é o segundo maior exportador do DDGS, atrás dos Estados Unidos.

“Com 196 usinas de etanol de milho, a maioria antigas de 15 ou 20 anos, enquanto as plantas brasileiras são novas e modernas, os Estados Unidos exportam 11 milhões de toneladas, mas apenas 35% desse produto é do tipo com solúveis, que tem mais digestibilidade para os animais. Nosso plano é colocar no mercado internacional 10% do que os EUA exportam. O desafio maior hoje não é a demanda, e sim a logística.”

No ano passado, Bicarato representou a Inpasa em Abu Dhabi na primeira missão do Projeto Setorial de Promoção das Exportações de Farelo de Milho, iniciativa conjunta da Apex Brasil e da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM) para a expansão da comercialização de DDGS pelo mundo.

Na Inpasa, o volume de DDGS que não é exportado é vendido no mercado interno, sendo 50% destinados ao segmento de suínos, aves e pets. O gado de leite, sobretudo, e os confinamentos recebem a outra metade da produção.

Fonte: Globo Rural