Índia critica sanções dos EUA sobre importação de petróleo russo

Navio-tanque russo de tamanho Aframax — Foto: Divulgação/Rosneft

A chancelaria indiana manifestou perplexidade diante da política de sanções secundárias impostas pelos Estados Unidos contra suas importações de petróleo russo. A declaração foi feita pelo ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, durante coletiva de imprensa em Moscou ao lado de seu homólogo russo, Sergey Lavrov, segundo noticiou a RT.

Jaishankar destacou que a Índia tem atuado para estabilizar os mercados globais de energia e refutou a narrativa de Washington de que Nova Délhi seria um dos principais compradores de petróleo e gás natural liquefeito (GNL) da Rússia. “Não somos os maiores compradores de petróleo russo. Essa posição é da China. Também não somos os maiores compradores de GNL russo. Creio que esse título pertence à União Europeia”, afirmou o chanceler.

Índia contesta tarifas adicionais

Desde 2022, a Índia ampliou significativamente a aquisição de petróleo russo. De acordo com o ministro do Petróleo indiano, Hardeep Puri, a Rússia responde hoje por 38% das importações do país. Em represália, os EUA anunciaram a imposição de uma nova tarifa de 25% sobre produtos indianos, com vigência a partir de 27 de agosto, somando-se a outras barreiras aplicadas após o fracasso das negociações comerciais entre Nova Délhi e Washington.

O governo indiano classificou as medidas como “injustas, injustificadas e irracionais”, prometendo adotar medidas para proteger seus interesses nacionais. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além do senador Lindsey Graham e do secretário do Tesouro, Scott Bessent, têm intensificado críticas à Índia por manter relações comerciais com Moscou em meio ao conflito na Ucrânia.

“Perplexidade” diante da lógica americana

Em resposta direta à pressão norte-americana, Jaishankar frisou que a Índia não foi o país que mais expandiu seu comércio com a Rússia desde 2022. “Não somos a nação que registrou o maior aumento de trocas comerciais com a Rússia após 2022. Existem países ao sul que se enquadram nessa posição”, observou.

Ele também lembrou que, por anos, os próprios Estados Unidos incentivaram Nova Délhi a contribuir para a estabilidade do mercado global de energia, inclusive adquirindo petróleo russo. “Os americanos nos disseram, durante os últimos anos, que deveríamos fazer de tudo para estabilizar os mercados mundiais de energia, inclusive comprando petróleo da Rússia. Isso não era nenhuma violação”, afirmou.

O chanceler indiano destacou ainda que as importações de petróleo dos EUA pela Índia também vêm crescendo. “Honestamente, estamos muito perplexos com a lógica do argumento que foi apresentado”, completou Jaishankar, em resposta à pergunta de um repórter da RT.

Fonte: Brasil 247