Incêndios, clima e doença nos canaviais reduzem estoques de açúcar durante a entressafra

CEO da SCA Brasil, Martinho Ono, durante evento realizado pela UDOP
Foto: SCA Brasil/Divulgação

Os estoques finais de açúcar do Centro-Sul do Brasil devem ser mais baixos durante o período de entressafra, até março de 2025. As causas da queda são as questões climáticas registradas ao longo do ano: seca acentuada, agravada pelos incêndios no início do segundo semestre e a demora no retorno das chuvas. Essa foi uma das principais conclusões do painel “Desafios para o açúcar e etanol”, realizado nesta terça-feira (05/11) durante o primeiro dia do 7º Seminário UDOP de Inovação, realizado em Araçatuba (SP).

Moderado pelo CEO da SCA Brasil, Martinho Seiiti Ono, o painel contou com a apresentação de dados de conjuntura e projeções futuras para o setor sucroenergético, apresentados pelo gerente de inteligência da consultoria Datagro, Bruno Vanderlei de Freitas. Participaram o CEO da Usina Santa Adélia, Marcos Câmara, o consultor técnico do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Jorge Augusto Carmelo e o gerente de marketing do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Ricardo Faganello Neme.

Segundo o estudo, os estoques de passagem do açúcar serão menores em função da queda de produtividade, que resultou em uma produção total 2 a 3 milhões de toneladas abaixo das previsões. Com relação ao etanol de milho, verifica-se uma pequena queda na produção e com isso, a preocupação com a elevação dos preços do milho em consequência da safrinha, que pode ser menor. Quanto ao consumo de etanol hidratado, identifica-se um patamar resiliente de consumo, em torno de 1,7 a 1,8 bilhão de litros por mês.

Sobre a dificuldade para produzir açúcar na atual safra, e a necessidade de investimentos em variedades mais resistentes à estiagem e pragas como a síndrome da murcha, que atingiu parte das plantações, Neme, do CTC, citou pesquisas em andamento que envolvem melhoramento genético e novas variedades de cana. A evolução da chamada cana-semente também foi citada, com o prazo estimado para a introdução dessa alternativa estimado em cinco anos.

Sobre a produção prejudicada de açúcar, mesmo com precificação melhor do que a do etanol, foi abordada por Câmara, da Santa Adélia, que destacou, problemas causados pelas dificuldades enfrentadas este ano, como o grau de impurezas chegando ao processo industrial e o açúcar residual (AR). Ono destacou que apesar das dificuldades, “as unidades tem maximizado a produção de açúcar em detrimento do etanol hidratado, o que vem sendo compensado pela oferta de etanol de milho. Cintra concluiu que é necessário alterar a precificação do etanol, para que fique mais próximo da remuneração do açúcar.

Questionado sobre a preferência pela comercialização de combustíveis fósseis das empresas ligadas ao IBP, Carmelo observou que é importante intensificar as vendas de biocombustíveis no contexto da transição energética. A redução dos devedores contumazes, que não observam as regras de compra de CBios foi citada, com destaque para a atuação do Instituto do Combustível Legal (ICL) no combate à sonegação de impostos e a venda ilegal de combustíveis.

Com mais de 1500 participantes do setor sucroenergético nacional, o 7º Seminário UDOP de Inovação também realizou a entrega do Prêmio Canasauro em homenagem aos profissionais que mais têm se destacado no setor. Um dos principais destaques da premiação foi o presidente do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp e sócio-diretor da consultoria AgroAdvice, Jacyr Costa Filho, agraciado com o Canasauro Rex.

Para assistir a entrevista do CEO da SCA Brasil, Martinho Ono, na TV UDOP, clique aqui.