
Por Mauricio Muruci*
Desde abril deste ano o hidratado vem reduzindo forte o seu padrão de desvantagem sobre o açúcar de Nova York com os próximos meses devendo seguir nesta linha; De julho para agosto desvantagem do hidratado frente ao açúcar bruto recuou de -4,70% para -0,77% liderada por ganhos fortes no hidratado no mercado físico e por altas marginais, beirando a estabilidade, do açúcar em Nova York; Para setembro a expectativa da Safras & Mercado é e inversão para uma vantagem do hidratado sobre o açúcar para níveis próximos a 1,00% com ganhos do hidratado no físico.
O mês de agosto foi um período marcado pela forte redução da desvantagem dos preços do etanol hidratado frente aos preços do açúcar bruto de Nova York. Este comparativo leva em conta os preços de ambos, convertidos em US$/cents e colocados dentro da modalidade PVU, dentro da usina, descontando os impostos e taxas de importação, acrescentando o basis e os preços do CBIOS. Entre julho e agosto a média de desvantagem do hidratado no mercado físico contra o açúcar bruto de Nova York caiu de -4,70% para -0,77%, considerado o hidratado com base em Ribeirão Preto.
Esta queda forte de 3,94 pontos porcentuais na relação negativa do hidratado frente ao açúcar de Nova York não é uma novidade de curto prazo, visto que desde abril deste ano o hidratado vem gradualmente reduzindo a sua desvantagem frente ao açúcar bruto. Em março a relação entre ambos era negativa em -21,99% e agora, mais recentemente na média fechada de agosto, ela é negativa em apenas 0,77%, com uma redução acumulada de 21,22 pontos porcentuais desde o início da safra corrente 2025/26 do Centro-Sul.
Além disso, para setembro, a SAFRA & Mercado espera uma inversão da correlação negativa para positiva, com a média de setembro devendo oscilar com prêmios para o hidratado em +0,91%, contra a média de diferenciais de -0,77% vista agora em agosto. Isto tudo está ligado a ganhos mais expressivos a serem vistos sobre o etanol hidratado no mercado físico em meio a uma estabilidade do açúcar bruto em Nova York.
Em agosto o hidratado no mercado físico teve uma valorização média de 3,45% na margem, frente o mês imediatamente anterior. Porém, descontando os impostos e convertendo em centavos de dólar por libra-peso, esta vantagem foi ampliada para ganhos de 4,42% quando consideramos o movimento de valorização do real frente ao dólar de 1,29% visto no período. Enquanto isso, o açúcar bruto em Nova York teve ganhos sobre Outubro/25 de 0,26% na margem. Porém dentro da usina, considerando o câmbio e o basis, estes ganhos foram levemente neutralizados para níveis de 0,24%.
Ainda que o açúcar tenha se mantido em território positivo, os seus ganhos foram muito fracos e beirando a estabilidade frente aos avanços fortes de 4,42% do etanol hidratado no mercado físico, o que levou a forte neutralização da desvantagem do hidratado frente ao açúcar bruto de Nova York. Porém é notável que ainda assim a relação seguiu negativa ao etanol na média de agosto. Apesar disto a SAFRAS & Mercado alerta que esta correlação de desvantagem do hidratado frente ao açúcar deverá ser revertida em setembro.
Isto porque a média de preços de agosto do etanol no mercado físico fora de R$ 3,27 o litro, sendo esta uma realidade totalmente diferente até mesmo da quarta e última semana de agosto, quanto mais a de setembro, onde as realizações para o hidratado em Ribeirão Preto entre usinas e distribuidoras já oscilavam entre R$ 3,38 a R$ 3,40 o litro. Logo, setembro terá claramente outra realidade de mercado frente ao que fora agosto. É por isso que a SAFRAS & Mercado projeta uma inversão da relação de preços do hidratado frente ao açúcar de positiva para negativa, saindo de -0,77% em agosto para +0,91% em setembro.
Caso esta tendência se confirme, será a primeira vez desde julho de 2022 que o etanol terá uma média mensal positiva sobre o açúcar quando, na época, ele oscilava em +1,88%. Em nossa visão o açúcar contará com uma ajuda do basis para embarque imediato de VHP em Santos, com os diferenciais caindo de US$/cents -0,16 para US$/cents -0,10, enquanto etanol hidratado será prejudicado por um breve movimento de valorização do dólar frente ao real que sairá da média de R$ 5,44 de agosto para a faixa de R$ 5,50 em setembro. Ainda assim o cenário se manterá positivo para o hidratado na correlação de forças com o açúcar de Nova York.
*Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Por UDOP
Fonte: CanaOnline