Um braço do grupo Enviri, a Harsco Environmental anunciou investimento de R$ 220 milhões, em 2024, para expandir a capacidade instalada da produção de fertilizantes de sua unidade de Timóteo (MG). Outro investimento está previsto em Ipatinga, também em Minas, junto à planta da Usiminas no município. No final dos dois projetos, a Harsco deve atingir uma capacidade instalada de 500 mil toneladas anuais, prevista para 2025. Atualmente, a capacidade da empresa é de 300 mil toneladas da linha de fertilizantes, sendo que a produção está quase no limite. Em 2023, a Harsco comercializou aproximadamente 250 mil toneladas e, este ano, a produção deve bater 280 mil. “É hora de aumentar o número da roupa”, afirma o presidente da companhia para a América Latina, Wender Alves.
A Harsco separa durante o processo produtivo as partículas metálicas da escória, que volta para as siderúrgicas em forma de sucata metálica e é utilizada na fabricação do aço.
Somente no Brasil, a companhia produziu, no ano passado, mais de 1 milhão de toneladas desse material, segundo o presidente da companhia.
Já a parte não-metálica da escória, que envolve substâncias como o silicato de cálcio, serve de insumo para fertilizantes e para um agregado similar à brita, com várias aplicações na infraestrutura e construção civil. Os fertilizantes, em especial, têm sido uma aposta importante da Harsco ao longo da última década. Hoje, Wender diz que o produto é utilizado em 140 mil hectares, em culturas com área foliar muito grande, como cana-de-açúcar e milho. “Transformar um milhão de toneladas de lixo em produto é o suficiente? Acho que não, né? A gente não pode se dar por satisfeito em deixar resíduo para trás. Acho que foi isso que nos motivou a buscar outras frentes”, afirma Alves.
A Harsco já atua no negócio de fertilizantes há pelo menos duas décadas no Brasil, com produtos voltados para a agricultura. Entretanto, a empresa comenta que a produção sempre foi pequena e, pela pouca familiaridade com o tema e pela necessidade de aproximação maior com o agronegócio, a Harsco começou a trabalhar, na última década, em parceria com a Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa).
A Harsco descobriu que o seu produto, rico em silicato de cálcio e de magnésio, pode ser um substituto para o calcário agrícola, o tipo de corretivo mais usado para diminuir a acidez da terra. A correção do solo é importante para que o produtor consiga ter o máximo de aproveitamento na hora de aplicar o usual fertilizante NPK, além de tornar as plantas mais resistentes a pragas e doenças.
Além do corretivo, a empresa fabrica três fertilizantes, de diferentes tipos, que agregam elementos como silício e enxofre. As vendas estão concentradas em Minas Gerais, mas os negócios têm crescido em estados-chave para o agronegócio, como Mato Grosso e Goiás. Pelas possibilidades que o produto pode trazer para reduzir a pegada de carbono das lavouras, a Harsco tem visto as vendas do produto crescerem em culturas como a de grãos e cana-de-açúcar nos últimos dois anos, segundo o presidente da companhia.
A escória é a matéria-prima base de todos os produtos da Harsco. Com isso, emerge um problema que volta e meia aparece na mesa e acaba por afetar os negócios da companhia: a volatilidade de produção das siderúrgicas. Somente em 2023, por exemplo, a produção brasileira de aço caiu 6,5% em comparação com 2022, segundo dados do Instituto Aço Brasil. “Há uma forte correlação entre as operações da Harsco e o nível de produção siderúrgica no País. Por isso, quando o nível de utilização de capacidade das usinas é baixo, consequentemente sentimos o impacto também”, diz o presidente da Harsco. Além disso, também emerge a questão ambiental da indústria do aço, uma das mais poluentes do mundo.
Hoje, existem duas rotas de produção do aço no globo: uma delas envolve o uso de alto-fornos, que utilizam carvão mineral para a produção, e a outra envolve o derretimento da sucata em fornos elétricos, um processo que emite menos CO2. A vantagem, para a Harsco, é que ambos os processos geram a escória necessária para a produção de seus produtos. Alves acredita que a transformação da indústria pode ser benéfica também para a companhia – especialmente pela mitigação dos impactos de mercados em suas operações. “Acreditamos em um crescimento forte e diversificado do mercado de soluções verdes para as operações siderúrgicas no Brasil, impulsionado por planos de descarbonização da indústria nacional de aço, além de uma regulamentação sofisticada no setor”, afirma ele.
Fonte: Brasil Mineral