Exportações de açúcar apresentam queda em novembro após recordes históricos

Embarque de açúcar para exportação – Foto: Théo Marques

PORTAL DO AGRONEGÓCIO – As exportações brasileiras de açúcar e melaços registraram uma retração até a quarta semana de novembro, em comparação com o mesmo período de 2023, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (25) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A média diária de embarques foi 2% menor, e o valor obtido sofreu um impacto ainda maior, com queda de 11,6%, reflexo da desvalorização de 9,9% no preço médio da tonelada.

De acordo com o levantamento, até a quarta semana de novembro deste ano, o Brasil exportou 2.500.923 toneladas de açúcar e melaços, com média diária de 178.637,4 toneladas. Em novembro de 2023, o volume total foi de 3.644.327,9 toneladas, com média diária de 182.216,4 toneladas. Apesar do recuo recente, o acumulado de janeiro a outubro de 2024 já havia superado o recorde anual de 2023, com 32,14 milhões de toneladas exportadas, frente a 31,3 milhões no ano anterior.

Impactos globais favorecem o mercado brasileiro

A dinâmica do mercado internacional também influenciou o desempenho do setor. A suspensão das exportações de açúcar pela Índia aumentou a demanda pelas usinas brasileiras, enquanto países como Indonésia, Egito e Emirados Árabes Unidos ampliaram suas compras. A Indonésia, inclusive, superou a China como principal destino do açúcar brasileiro.

No início de novembro, as exportações mantinham um ritmo acelerado, alcançando 1.316.516 toneladas na primeira semana, com média diária de 219.429,9 toneladas – um crescimento de 29,44% em relação ao mês anterior. No entanto, os embarques desaceleraram ao longo do mês, estabilizando-se em níveis semelhantes aos de 2023 e, posteriormente, ficando abaixo desse patamar.

Previsões para 2025 indicam redução de estoques e fechamento de usinas

Durante uma live promovida pela SCA Brasil, Júlio Adorno, head da Alvean no Brasil, destacou que, embora o país tenha superado os recordes de exportação em 2024, o primeiro trimestre de 2025 já aponta uma redução nos estoques disponíveis. O saldo projetado de açúcar bruto para exportação no período será de apenas 3 milhões de toneladas, contra 7 milhões no início de 2024.

A seca durante a safra também deve levar ao fechamento antecipado de usinas, agravado pelas fortes chuvas de novembro, que aceleraram a interrupção das operações de processamento de cana. Segundo projeções da Wilmar International, o número de usinas fechadas em novembro pode mais que triplicar, reduzindo drasticamente a produção no país.

Receita em queda reflete menor preço médio

Além da redução no volume exportado, a receita foi impactada pela desvalorização do preço médio da tonelada, que caiu de US$ 523,4 em novembro de 2023 para US$ 479,9 neste ano. O total arrecadado até a quarta semana de novembro foi de US$ 1,2 bilhão, com média diária de US$ 85,7 milhões, enquanto no mesmo período do ano passado, o valor médio era de US$ 97 milhões.

O cenário reforça os desafios enfrentados pelo setor, que, apesar dos recordes anuais, precisa lidar com oscilações de mercado e fatores climáticos que podem influenciar o desempenho nos próximos meses.

Fonte: Portal do Agronegócio