
Nos próximos cinco anos, a indústria brasileira de biocombustíveis deve viver uma transformação decisiva. De acordo com o CEO da SCA Brasil, Martinho Ono, a consolidação do etanol de milho vai abrir caminho para expandir o consumo de etanol para estados que hoje estão muito centrados na gasolina.
“Atualmente, apenas seis estados da região Centro-Sul concentram entre 70% e 80% do consumo nacional de etanol. Com a entrada de novas fábricas em regiões que não possuíam tradição nesse mercado, haverá uma grande oportunidade de crescimento da demanda e de fortalecimento da competitividade do etanol no país”, destacou.
Ono fez a avaliação durante o 8º Seminário de Inovações da União Nacional da Bioenergia (UDOP) que reuniu mais de 1.300 profissionais do setor bioenergético nos dias 2 e 3 de dezembro, em Araçatuba (SP). Considerado um dos maiores eventos técnicos do setor no Brasil, o encontro contou com a participação de representantes de usinas brasileiras e argentinas.
Cenários para o futuro
Em sua apresentação, Martinho Ono projetou três panoramas para o mercado. O primeiro abordou a safra 2025-2026 de cana-de-açúcar, que deve alcançar 600 milhões de toneladas com mix açucareiro elevado, chegando a 55% de direcionamento da cana para a produção de açúcar.
“É uma safra bastante açucareira, com menor rendimento em cana devido aos períodos de seca e danos causados por incêndios no último ano”, explicou.
Para a próxima safra o executivo vê outro comportamento. O crescimento do etanol de milho e a queda nos preços do açúcar devem alterar o mix, destinando maior volume de cana para etanol. A previsão é de expansão do canavial entre 20 e 30 milhões de toneladas no período, aumentando a producao de etanol hidratado em 2026.
“Se nesta safra vendemos 1,7 bilhão de litros de etanol hidratado, na próxima teremos que vender 1,9 bilhão, devido à oferta adicional. Esse cenário exigirá estratégias comerciais mais robustas por parte das usinas”, afirmou.
No horizonte de cinco anos, segundo Ono, o país deve assistir à consolidação de cerca de duas dezenas de novos projetos de etanol de milho, com oferta extra de 6 a 7 bilhões de litros. Investimentos estão avançando especialmente no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e no Nordeste do pais.
“São estados que não possuem tradição de vender etanol hidratado e onde a gasolina ainda é dominante. Essa mudança exigirá novas estratégias de mercado para ampliar o consumo nacional”, completou.
Cadeia de suprimentos em transformação
Além dos painéis de mercado, a SCA Brasil Aliança também levou ao evento executivos responsáveis por tecnologia e inteligência de suprimentos, que destacaram como a automação, a escalabilidade e a colaboração na cadeia fornecedora já promovem redução de custos, previsibilidade operacional e maior competitividade para as usinas brasileiras.
Com o etanol de milho ampliando o mapa do setor no país e a modernização da cadeia de suprimentos avançando, o Brasil se aproxima de um novo ciclo estratégico para consolidar o etanol como protagonista da transição energética nacional.