Por Pasquale Augusto
Vale mais a pena abastecer com etanol do que com gasolina em 14 estados e no Distrito Federal. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com base nos preços entre 17 de março e 23 de março.
Compensa mais abastecer com o biocombustível no lugar da gasolina quando o preço do etanol responde por até 70% do combustível fóssil. Por outro lado, o etanol sofre para ganhar força em outros estados do Brasil.
Entre os estados onde é mais vantajoso abastecer com o etanol, a maioria se concentra entre as regiões do Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, grandes polos produtores de milho e cana-de-açúcar.
Recentemente, foi aprovado o PL do Combustível do Futuro, que pode ser um impulso para os preços do etanol, já que a mistura de gasolina no biocombustível pode passar de 27% para 30%.
A força do etanol e os gargalos do biocombustível
De acordo com Marcelo Bonifácio, analista de açúcar e etanol da StoneX, o grande ponto para o mercado do biocombustível e sua competitividade frente à gasolina fica para o lado da oferta.
“Estados que não possuem produção de etanol sofrem bastante em termos de custo, possuem sim uma disponibilidade do hidratado nas bombas, mas com preço maior – seja pela menos disponibilidade, seja pelos maiores custos com frete, por exemplo. Por isso a gente vê Sudeste e Centro-Oeste com essa paridade bem vantajosa ao etanol, regiões onde estão a produção de etanol”, explica.
Ele ressalta que no Centro-Oeste existe ainda o etanol de milho com grande excedente de produção em termos regionais, e uma gasolina um pouco mais cara frente a média por ser uma região longe de refinarias e de portos importadores de gasolina.
“No resto do Brasil, a oferta fica muito sujeita às transferências do Centro-Sul para outras regiões e de uma safra de cana menor. No Nordeste, Alagoas é um polo canavieiro relevante, assim como Pernambuco e Bahia. Os preços do etanol mesmo nessas regiões produtoras competem em certa medida com o etanol de São Paulo, em pico de safra, por exemplo, tanto que a gente observa uma paridade abaixo de 70% em alguns estados do Nordeste (Alagoas, Bahia). Mas isso é incomum historicamente”, avalia.
O que esperar para o mercado em 2024?
No momento, o mercado está no aguardo do início da safra 2024/2025 no Centro-Sul, com algumas usinas já em operação desde março.
“No primeiro trimestre de 2024, o etanol chegou a ver queda nos preços, uma vez que os estoques estão nas máximas históricas no Centro-Sul, mas o momento é majoritariamente altista por conta do nível de demanda. O primeiro bimestre do ano já observou elevados patamares de consumo de hidratado nas bombas, e isso deve ser o padrão em 2024”, discorre.
Com uma menor safra de cana-de-açúcar e um mix mais açucareiro, em razão dos melhores preços, a demanda deve ser um fator relevante de pressão altista no ano, com um cenário mais provável de estoques sendo normalizados ao longo do primeiro semestre de 2024.
Fonte: MoneyTimes