
O etanol de milho vem ganhando protagonismo na matriz energética brasileira e já se consolida como um dos motores da transição para fontes mais limpas no país. Tradicionalmente ligado à cana-de-açúcar, o setor de biocombustíveis passou a investir no cereal, que hoje responde por quase um quinto da produção nacional.
Em 2017, a produção era de cerca de 500 milhões de litros. Em 2023, saltou para mais de 6 bilhões de litros, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Atualmente, o etanol de milho representa 19% do total produzido no Brasil.
O avanço foi impulsionado pelo aumento da produtividade do milho, que registrou crescimento de 30% no rendimento por hectare na última década. Esse desempenho permitiu expandir a produção de etanol sem comprometer o abastecimento de alimentos. Outro diferencial é a oferta contínua do cereal, diferente da cana, garantindo produção ao longo de todo o ano e contribuindo para o equilíbrio dos preços.
Além disso, o processo de fabricação gera coprodutos, como a ração animal DDGS, que amplia a rentabilidade das usinas e mantém o etanol competitivo frente à gasolina e ao diesel.
O crescimento do milho fortalece o programa “Combustível do Futuro”, aprovado no Congresso, que prevê aumentar a mistura de etanol anidro na gasolina de 27,5% para até 35%. A medida deve reduzir a dependência de importações e ampliar a participação de renováveis na matriz de transportes.
Já o RenovaBio também impulsiona o setor ao remunerar produtores pela eficiência ambiental. Desde 2020, o programa já evitou a emissão de mais de 147 milhões de toneladas de CO₂.
Por Nicolle Ribeiro/VGN
Fonte: Power Mix