Estratégia de mercado detêm alta na cotação do petróleo

Modelo 3D de barril de petróleo REUTERS/Dado Ruvic/Arquivo

O recente bombardeio iraniano a uma base aérea dos Estados Unidos (EUA) no Qatar revelou a notável capacidade de resposta dos traders de petróleo, que surpreendentemente optaram por vender, em vez de comprar, durante o ataque. Conforme descreve a reportagem do Finantial Times, traduzida e publicada na Folha de São Paulo, a venda rápida resultou em uma queda de 7,2% no preço do Brent, a maior em quase três anos. Essa movimentação inesperada refletiu a percepção dos traders de que o incidente poderia, paradoxalmente, reduzir as tensões entre EUA, Israel e Irã.

A análise por parte dos negociadores foi suportada por inteligência de fontes abertas, incluindo imagens de satélite que indicavam a evacuação prévia da base aérea de Al Udeid, sugerindo que os ataques eram mais simbólicos do que uma escalada real. Essa visão foi corroborada pelo analista Jorge Montepeque, que afirmou que o mercado já havia antecipado o cenário.

Mesmo em meio a hostilidades, o fluxo de petróleo e gás da região permaneceu estável, com o Irã aumentando suas exportações. Isso destaca uma característica do mercado de petróleo: a habilidade de manter o comércio fluindo durante crises, ao contrário de muitas outras indústrias.

As flutuações de preço também foram influenciadas por opções de venda e futuros, que amplificaram a volatilidade do mercado. Enquanto o Brent caía, a corrida para ajustar posições aumentava a pressão de venda. Analistas, incluindo Amrita Sen e Helima Croft, notaram que o mercado global está bem abastecido, com produção elevada da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) e dos EUA. A expectativa é de um mercado inundado de petróleo até o fim do ano, o que poderia pressionar ainda mais os preços para baixo.

O anúncio de um cessar-fogo entre Irã e Israel, facilitado pelo presidente Donald Trump, levou a outra rodada de vendas, com o Brent caindo ainda mais. A percepção geral entre os traders é de que o Irã, ao evitar escalar o conflito, está limitando suas ações para não prejudicar seu próprio aliado, a China.

Íntegra da matéria: Folha de S.Paulo (para assinantes)