Estradas do amanhã: do biodiesel ao elétrico em ritmo nacional

Modelos a Biodiesel da Volkswagen (Foto: Divulgação/Volkswagen)

ZF anunciou a nacionalização da produção da Unidade de Controle Eletrônico (ECU) do sistema de freios para veículos comerciais no Brasil, apoiando-se em mais de dez anos de experiência da empresa na produção local de eletrônicos.

A ECU permite funções vitais como o controle de estabilidade (ESC), o assistente de partida em rampa e o ABS. A produção nacional traz competitividade, aumento de conteúdo local e previsibilidade, utilizando a mesma arquitetura e especificação europeias consolidadas, facilitando a instalação “plug-and-play” e eliminando longos processos de homologação.

A iniciativa é estratégica, preparando o mercado para a evolução dos veículos comerciais em plataformas digitais. A fábrica da ZF em Limeira (SP) é a única no Brasil dedicada a eletrônicos de segurança automotiva e obteve a homologação internacional E1, atestando o padrão de qualidade global. A unidade está pronta para nacionalizar outras soluções eletrônicas, reforçando a competitividade da empresa no país.

Sob pressão

O complexo rodoferroviário de Ponta Grossa (PR), o maior do sul do Brasil e vital para o escoamento de cargas do Porto de Paranaguá (PR), com 67 milhões de toneladas movimentadas em 2024, ganhou um novo marco. A BR-376 agora abriga o maior posto de Gás Natural Veicular (GNV) do Brasil para frotas pesadas, operado pela Gas Futuro.

Localizada na recém-inaugurada Parada Vendrami, a unidade permite abastecimento de alta vazão para até seis caminhões simultaneamente, com capacidade para cerca de 300 veículos por dia. Em breve, o posto se tornará o primeiro no Brasil a operar também com biometano (gás renovável produzido a partir de biogás, gerado por lixo orgânico) para frotas pesadas.

O combustível será fornecido pelo centro de tratamento de resíduos do aterro sanitário de Ponta Grossa. “O GNV é o combustível de transição, enquanto o biometano é a energia renovável que alinha sustentabilidade e economia circular, oferecendo autonomia para o transporte até o Porto de Paranaguá”, destaca Rodrigo Bogacz, CEO da Gas Futuro.

Alívio para todos

A cidade de São Paulo está acelerando sua transição para o transporte de baixa emissão de poluentes. Durante o seminário “Caminhos para a Eletromobilidade Urbana”, o prefeito Ricardo Nunes anunciou a entrega de 120 novos ônibus elétricos, elevando a frota eletrificada do município para 961 veículos, sendo 760 a bateria e 201 trólebus. Com isso, a capital paulista se consolida com a maior frota de ônibus elétricos do Brasil, visando 1.200 veículos até o fim deste ano.

O prefeito destacou que a substituição de modelos a diesel por elétricos pode evitar até 388 mortes prematuras na cidade, conforme estudo da Rede C40. O investimento se justifica economicamente, pois a operação do ônibus elétrico é significativamente mais barata (R$ 5 mil por mês ante R$ 25 mil por mês do diesel), gerando economia anual de R$ 240 mil por veículo. Com a nova frota, a cidade deixará de emitir 10,4 mil toneladas de CO2 por ano, além de evitar o consumo de 35 mil litros de diesel por veículo anualmente.

Potência natural

A Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO), em parceria com a EcoRodovias, iniciou testes com o B100 (biodiesel 100% renovável) em veículos de atendimento rodoviário na concessionária Ecovias Noroeste Paulista. A iniciativa pioneira visa acelerar a descarbonização no transporte, alinhada ao “Programa Futuro” da empresa, cujo objetivo é avaliar o rendimento, o desempenho, a confiabilidade e o impacto na manutenção do combustível.

Produzido inteiramente a partir de soja, o B100 pode reduzir em até 90% as emissões de CO2 em relação ao diesel fóssil, segundo estudos da ANP e da EPE. Os testes durarão 12 meses e utilizarão quatro caminhões Volkswagen: um Meteor 29.530, dois Delivery 11.180 e um Constellation 17.190. 

“A validação do B100 visa aprimorar a eficiência e a confiabilidade operacional dos veículos, contribuindo para as metas climáticas do setor”, afirmou Rodrigo Chaves, da VWCO. “Os testes estão alinhados à Agenda ESG 2030 do grupo, pois o biodiesel tem potencial de oferecer ganhos ambientais expressivos com custos de adaptação baixos”, complementou Monica Jaén, da EcoRodovias.

Fonte: ABC do ABC