Especialistas debatem papel do Brasil como polo mundial da agricultura

No primeiro painel do segundo dia da conferência Latin America Investment Conference (LAIC), os CEOs da Raízen e da Datagro expuseram suas visões e perspectivas sobre a agricultura brasileira, protagonista global na produção de alimentos e energias renováveis. O evento, promovido pelo UBS Group e Banco do Brasil, reuniu mais de 100 empresas e 800 investidores entre 31 de janeiro e 1º de fevereiro, em São Paulo (SP).

Para Ricardo Mussa, CEO da Raízen, o Brasil está bem posicionado na exportação de energias renováveis. O executivo mencionou os novos contratos de longo prazo estabelecidos pela empresa para a venda de etanol com preços mínimos garantidos. Além disso, Mussa acredita que a tecnologia do hidrogênio como combustível enfrentará algumas dificuldades relacionadas às condições extremas de transporte, que podem ser resolvidas com o etanol, já que o biocombustível contém hidrogênio em sua composição. Para transformar o etanol em hidrogênio, a Raízen aposta em parcerias com instituições acadêmicas como a Universidade de São Paulo (USP).

Plínio Nastari, CEO da Datagro, acredita que ainda há espaço para crescimento da agricultura brasileira. Segundo o executivo, 40% do aumento da demanda mundial por alimentos até 2050 virá do Brasil devido à disponibilidade de terras no País. Neste sentido, Nastari mencionou vários fatores diferenciais: há 320 milhões de hectares de terras aráveis, dos quais 76 milhões de hectares são utilizados para cultivo agrícola, além de 160 milhões de hectares destinados à pastagens. Soma-se a isto o plano do governo para transformar 40 milhões de hectares de pastagens degradadas em novas culturas.

Por outro lado, o fundador da Datagro ressaltou que serão necessários mais investimentos em logística e armazenamento para apoiar o desenvolvimento do agro nacional.

Como os aviões são difíceis de eletrificar, devido ao peso das baterias, Ricardo Mussa vê uma oportunidade no SAF para impulsionar a descarbonização do setor aéreo. No entanto, Mussa observou a necessidade de um quadro regulamentar governamental para o SAF, para apoiar o desenvolvimento da indústria nacional.