Dólar comercial fecha com a menor cotação do ano e preços do óleo de soja sobem na semana

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DE OLHO NO BIODIESEL – BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (02/06 a 06/06/2025)

O dólar comercial no Brasil acumulou queda de 2,83% na última semana, encerrando a sexta-feira (06/06) cotado a R$ 5,56, registrando a maior queda semanal desde agosto de 2024 e a menor cotação do ano, com queda acumulada de 10% em 2025. Essa desvalorização é impulsionada por um movimento global de enfraquecimento do dólar, consequência das incertezas sobre a política tarifária do presidente americano Donald Trump, preocupações com seu pacote fiscal e a atratividade do Brasil por operações de carry trade, em função da taxa de juros nominal no maior patamar em 19 anos e taxa real mais alta em dois anos.

Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta na sexta-feira (06/06), com o Brent subindo 1,73% para US$ 66,47 o barril e o WTI avançando 1,91% para US$ 64,58, com ganhos semanais acumulados de mais de 6%. A alta foi impulsionada por múltiplos fatores geopolíticos. O otimismo renovado nas relações comerciais entre Estados Unidos e China, após conversa telefônica entre Trump e Xi Jinping, a ausência de progressos em acordos de cessar-fogo entre Ucrânia e Rússia e menores perspectivas de um acordo nuclear com o Irã são os mais relevantes. Esses fatores compensaram as preocupações com o possível aumento da produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).

A colheita de soja na América do Sul está praticamente concluída, com o Brasil registrando uma produção recorde estimada em 169 milhões de toneladas para 2024-2025 – aumento de 10% em relação à safra anterior, conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) e da AgRural. Na Argentina, a colheita atingiu 80,7% de conclusão até 30 de maio, com condições climáticas secas e frias facilitando o acesso aos campos, após atrasos causados por chuvas excessivas.

O mercado internacional da soja manteve-se estável em Chicago, enquanto no Brasil a valorização do real limitou a evolução dos preços internos, que oscilaram entre R$ 106,00 e R$ 123,00 por saca. Nos EUA, o plantio da soja atingiu 84% da área prevista até 1º de junho – acima da média histórica de 80%, com 67% das lavouras em boas condições. Já as exportações americanas acumularam 44,6 milhões de toneladas no ano comercial, alta de 11% em relação ao período anterior.

O mercado aguarda o relatório de oferta e demanda do USDA de 12 de junho, com expectativa de recuperação dos preços no Brasil graças à maior competitividade da soja americana em destinos alternativos à China e à retenção de produto pelos produtores brasileiros em busca de melhores preços.

O contrato de julho/25 de óleo de soja negociado na Chicago Board of Trade (CBOT, na sigla em inglês) fechou em 47,50 cents/libra na sexta-feira (06/06), apresentando valorização de 1,30% na semana, enquanto o prêmio de julho/25 do óleo de soja em Paranaguá ganhou 100 pontos, fechando a semana em -1,00 cents/libra. Desta forma, o flat price do óleo de soja FOB Paranaguá registrou uma valorização de 3,59%, fechando a semana a US$ 1.025/ton.

Elaboração: SCA Brasil

No levantamento da SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel na semana movimentou um volume de 3.455 m³, aumento de 44,4% em relação à semana anterior, registrando um preço médio de R$ 5.005/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS, com uma redução de quase 6% em relação à semana anterior.

Elaboração: SCA Brasil

Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as vendas de óleo diesel no Brasil recuaram 3% em abril de 2025, totalizando 5,47 milhões de m³, uma redução de 168 mil m³ em relação ao mesmo mês do ano anterior, marcando o primeiro resultado negativo de 2025 e o pior desempenho desde dezembro de 2024, quando houve queda de 6,1%. A retração foi generalizada em quatro das cinco regiões do país, com apenas o Nordeste registrando crescimento de 3,2% nas vendas. O Sudeste apresentou a maior contração absoluta e relativa, com redução de 125,5 mil m³ (5,6%) nas vendas em comparação com abril de 2024.

Os créditos de descarbonização (CBios) do programa RenovaBio registraram sua sexta queda quinzenal consecutiva na segunda quinzena de maio, sendo negociados por R$ 60,25 em média, uma redução de 16% em relação à média de R$ 71,70 registrada em 2025. No período, as usinas certificadas emitiram 2,05 milhões de CBios, queda de 11,6% ante 2024, totalizando 17,89 milhões de títulos desde o início do ano, enquanto apenas 32 mil créditos foram aposentados na quinzena – 9 8,4% menos que em 2024. Com 28,14 milhões de CBios em circulação ao final de maio, o mercado já possui 57% da meta de 49,36 milhões estabelecida para 2025, sendo que apenas 12,6% dessa meta foi efetivamente cumprida por meio de aposentadorias até agora.

Segundo o levantamento realizado entre 26/05 e 01/05 pela ANP, o preço médio negociado entre usinas e distribuidores na última semana do mês ficou em R$ 5.457, ficando quase estável (0,6%) em relação ao valor médio da semana anterior. Todas as regiões tiveram variações, com Sul e Nordeste registrando desvalorizações e as demais regiões com pequenas variações positivas. No entanto, o mercado acumula uma redução de 13,8% no ano.

Para a semana será importante acompanhar a discussão das medidas alternativas ao aumento do IOF entre o Governo e os líderes do Congresso e o encontro marcado para esta segunda-feira (09/06) entre representantes da China e dos EUA para discutir um possível acordo comercial. No mercado de biodiesel espera-se que tenha início a rodada de negociações para a contratação para o quarto bimestre do ano.