Distribuidores contratam biodiesel 34,9% acima da meta da ANP

DE OLHO NO BIODIESEL BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL 03 a 07/11/2025

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou que distribuidores contrataram cerca de 1,67 milhão de m³ de biodiesel para o último bimestre de 2025, superando em 34,9% a meta de 1,24 milhão de m³. Desde o início do mercado livre, as distribuidoras têm contratado, em média, 28,4% acima das metas. Para o sexto bimestre, 32 fabricantes participaram, com destaque para a Be8, líder com 11% do mercado (182,5 mil m³), seguida pela Oleoplan, com 9,5% (159,2 mil m³). Os produtores Lar Cooperativa e Brejeiro não atingiram suas metas de contratação.

Elaboração: SCA BRASIL

Em relação ao andamento da safra brasileira, de acordo com a última atualização da AgRural, o plantio da soja 2025-2026 alcançou 47% da área projetada, contra 36% na semana anterior mas abaixo dos 54% de um ano atrás, ficando pela primeira vez nesta safra abaixo da média de cinco anos. A perda de ritmo deveu-se principalmente à irregularidade das chuvas no Cerrado, com destaque negativo para Goiás que apresenta o plantio mais lento desde a safra 2017-2018, enquanto em Mato Grosso o índice atingiu 76,13%, ligeiramente abaixo da média histórica. A AgRural alertou que, embora os casos de replantio ainda sejam pontuais, eles poderão aumentar caso a combinação de chuva irregular e calor continue predominando nos próximos dias, com potencial de atrasar o começo da colheita inicialmente esperado para janeiro nas áreas precoces mato-grossenses.

Segundo a Agrinvest, as precipitações ainda seguem irregulares, especialmente em MT, GO e MG, onde o plantio da soja avança de forma inconstante. Nos últimos dez dias, as chuvas voltaram a ganhar intensidade no Sul e Sudeste, com acumulados entre 50 e 100 mm, quebrando o padrão seco que havia predominado desde setembro. Para os próximos dias, os modelos climáticos apontam a formação de uma nova frente fria sobre o Sul do Brasil e o Paraguai, gerando chuvas volumosas e tempestades isoladas em SC, PR e MS, e se estendendo no fim de semana para SP, Triângulo Mineiro e sul de GO. O período entre 12 e 16 de novembro, deverá apresentar um intervalo temporário de estiagem no Centro-Norte, enquanto um novo sistema frontal reforça as chuvas sobre o Sul e o Sudeste. Essa pausa tende a durar cerca de cinco dias, antes da retomada das instabilidades na segunda quinzena.

Elaboração: SCA BRASIL

Nos mercados internacionais de óleos vegetais, o óleo de palma encerrou a semana em US$ 984,7/t (contrato de janeiro), acumulando retração de 2,7% semanal após atingir a mínima em quatro meses, com leve recuperação pontual de 1,2% impulsionada por correções técnicas. As estimativas para outubro na Malásia projetam produção de 1,94 milhão de toneladas (+5,6% mensal, maior valor em 7 anos) e exportações de 1,48 milhão (+3,8%), mas com estoques devendo crescer 3,5% para 2,4 milhões de toneladas, maior patamar em 2 anos, mantendo fundamento baixista. O mercado aguarda os dados oficiais do Conselho de Óleo de Palma da Malásia (MPOB) referentes a outubro, com divulgação prevista para 10 de novembro, para confirmar as estimativas e orientar a tendência dos preços dessa semana.

Já o óleo de soja operou com volatilidade durante a semana sem direcionamento definido, após forte recuperação de 2,4% na segunda-feira que não se sustentou nos dias seguintes. As cotações dificilmente ganharão força significativa enquanto não houver definições sobre os programas de incentivo a biocombustíveis nos Estados Unidos, com o enfraquecimento recente da palma também limitando o potencial de valorização. As entidades Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas (NOPA) e a Associação de Combustíveis Renováveis (RFA) vêm pressionando publicamente a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) pela rápida resolução das questões de isenções SRE e RVOs, solicitando transferência de 100% das metas das pequenas para grandes refinarias, mas existe a possibilidade das definições só ocorrerem no início de 2026.

Elaboração: SCA BRASIL

Apesar das pressões domésticas americanas, alguns fatores trouxeram suporte pontual: a China anunciou suspensão a partir de 10 de novembro de tarifas de até 15% sobre produtos agrícolas dos EUA incluindo soja, somando-se à promessa de compra de 12 milhões de toneladas até o final do ano e mais 25 milhões anuais pelos próximos três anos, embora Pequim ainda não tenha se manifestado oficialmente e mantenha tarifas de 13% que tornam embarques americanos mais caros que brasileiros. A administração aduaneira chinesa informou que três empresas americanas terão elegibilidade para exportar soja restaurada a partir de 10 de novembro, elevando expectativas de fluxos maiores já na próxima semana. O mercado aguarda o relatório WASDE dessa semana na quinta-feira (14/11) e o ponto mais importante será o tamanho da produção americana.

Refletindo as incertezas do mercado internacional, o contrato de dezembro/2025 do óleo de soja negociado na Bolsa de Chicago (CBOT, na sigla em inglês) encerrou em 49,68 cents/libra na sexta-feira (07/11), apresentando valorização de 2,05% na semana. O prêmio de dezembro/2025 do óleo de soja em FOB Paranaguá ganhou 10 pontos, fechando a semana em -0,50 cents/libra. O flat price do óleo de soja FOB Paranaguá fechou em US$ 1.084,23/ton., uma valorização de 2,29% em relação à semana anterior.

No levantamento realizado pela SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel apresentou liquidez bem reduzida, com um volume de vendas de somente 920 m³ na semana, redução de 51% em relação à anterior, com o destaque para o estado do Paraná, com volume comercializado de 500 m³. O preço médio apurado na semana foi de R$ 5.960/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS, com uma desvalorização de 1,3% em relação à semana anterior.

Segundo o levantamento realizado entre 27/10 e 02/11 pela ANP, o preço médio do biodiesel negociado entre usinas e distribuidores ficou em R$ 5.952,12, valorização de 1,01% em relação ao valor médio da semana anterior. A região Centro Oeste foi a única com desvalorização (-0,76%) e a região Nordeste ficou com a maior variação com 1,81%. O mercado acumula uma redução de 5,97 % no ano.