- Nos conte um pouco da sua trajetória profissional no mercado de defensivos e criação da Luft
Estou nesse ramo do agro há 54 anos. Minha formação foi em Química. Iniciei minha carreira trabalhando na indústria de defensivos, e em seguida comecei na Luft Logistics. Na Luft atuo há 25 anos, hoje sou diretor de projetos no seguimento de agro. Há 21 anos realizo toda a parte da logística reversa, onde levamos os defensivos e voltamos com as embalagens vazias, sou responsável pela gestão operacional desse programa no Brasil. A Luft Logistics é uma empresa brasileira de origem gaúcha nascida em 1975, que iniciou os trabalhos com carregamentos de cargas em geral. Em 1992, se direcionou para mercados especializados, concentrados em 3 focos: agro, health care (farmacêuticos) e solutions (e-commerce).
- Quais são os principais desafios logísticos que você vê na distribuição e na estocagem de defensivos agrícolas? Nos últimos anos, houve mudanças nesses desafios?
Hoje vejo como maior desafio as entregas com curto prazo considerando a distância territorial do Brasil. Os produtores querem receber os defensivos mais próximo da data de uso, por receio de roubos ou ameaças. Além disso, os produtores têm dificuldade em realizar o seguro para roubos. Por isso, para solucionar essa questão, a Luft conta com 14 centros de distribuição próximos de áreas com maior demanda por defensivos. Outro ponto relevante em relação aos problemas logísticos, são as condições de conservação das estradas brasileiras, além de que o momento da concentração das entregas sofre com períodos de muitas chuvas (final do ano).
- Como vocês estão vendo o estoque e distribuição de defensivos agrícolas para a safra verão e safrinha 24/25?
Devido a falta de chuvas, ocorreu um atraso no plantio da soja e consequentemente poderá impactar a safrinha. Com os produtores de soja e milho menos rentabilizados por conta dos menores preços das commodities, a tendência é que o agricultor faça as compras mais próximos ao período de uso, adquirindo somente o necessário, onde muitas vezes o produtor começa a reduzir custos em tecnologia e insumos agrícolas. De forma geral, não vejo problema de abastecimento para defensivos nesta safra.
- O setor de defensivos, assim como outros, sofreu nos últimos anos aumentos com custos portuários, financeiros, entre outros. O setor de vocês logística e distribuição, também sofreu com algum impacto neste sentido?
Nosso item que gera maior impacto é o preço do diesel. Outra dificuldade é administrar o balanço entre alta e baixa demanda por distribuição de defensivos. Dessa forma, utilizamos algumas estratégias para operar no período de baixa demanda, como a logística reversa, onde levamos defensivo e voltamos com as embalagens vazias para a reciclagem.
- Quais tendências você vê para o próximo ciclo 25/26 para os defensivos agrícolas em relação ao estoque e distribuição?
Não vejo tendência para aumentos expressivos nos preços dos defensivos do ano que vem, nem falta de produtos, visto que a China está com produção normalizada e além disso, operando abaixo da capacidade total de produção. É esperado que para o ano que vem, os produtores façam as compras mais próximas ao período de uso, como está sendo este ano. Contudo, podem ter alguns problemas de atraso devido a todas as entregas serem realizadas na mesma época. Frente a esse cenário, alguns produtores podem realizar fechamentos pontuais antes do período de uso. Outro ponto relevante é o aumento da utilização dos defensivos biológicos e estes requerem mais itens na cadeia logística como eventualmente o armazenamento refrigerado.
Fonte: Global Crop Protection