Diesel B e biodiesel: Consumo recorde impulsiona agronegócio em 2025

Biodiesel – Foto: Divulgação / Cetesb

O setor de combustíveis no Brasil vem apresentando números expressivos em 2025, com recordes históricos tanto no consumo de diesel B quanto na produção de biodiesel, impulsionados pelo crescimento do agronegócio e pela implementação de novas políticas de mistura de biocombustíveis.

Diesel B atinge volume recorde no primeiro semestre

O mercado brasileiro de diesel B registrou um marco histórico no primeiro semestre de 2025, com vendas totais de 32,9 milhões de metros cúbicos, representando um crescimento de 2,2% em comparação ao mesmo período de 2024, conforme dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

“O índice ABCR confirmou essa tendência, mostrando aumento de 2,2% no fluxo de veículos pesados nas principais rotas pedagiadas em comparação ao ano anterior”, destaca Bruno Cordeiro, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

O crescimento é atribuído principalmente à expansão das atividades agrícolas e industriais no país. Para o segundo semestre, a demanda por diesel será influenciada por fatores sazonais importantes para o agronegócio.

“Na ponta agrícola, o final da colheita do milho safrinha e o início do plantio da soja serão determinantes para a evolução do indicador, com as expectativas de um novo recorde da safra de soja para a temporada 2025/26 influenciando em um aumento do transporte de insumos aos campos, principalmente ao longo do terceiro trimestre”, explica Cordeiro.

Nordeste lidera crescimento regional

A análise regional mostra que o Nordeste liderou o crescimento da demanda por diesel B nos primeiros seis meses de 2025, com aumento de 227 mil metros cúbicos, impulsionado pelo avanço expressivo das exportações de produtos agrícolas e da indústria de transformação.

As regiões Sul e Centro-Oeste também registraram crescimentos significativos, com acréscimos de 173 mil e 170 mil metros cúbicos, respectivamente, beneficiados pela boa safra de soja no início do ano e pelo escoamento de grãos para os portos.

No Sudeste, o crescimento foi mais modesto, de 116 mil metros cúbicos. “Apesar do aumento do fluxo de grãos pelo estado de São Paulo (+9,3% nas exportações agrícolas), a queda da atividade industrial impactou negativamente as vendas”, ressalta Cordeiro.

Aumento da mistura de biodiesel impacta mercado

Um fator determinante para o comportamento do mercado em 2025 é a implementação de novas políticas de mistura de biocombustíveis. A demanda por diesel A cresceu 1,6% no primeiro semestre, alcançando 28,7 milhões de metros cúbicos, um avanço mais moderado em comparação ao diesel B.

Essa diferença reflete a maior participação do biodiesel na mistura, já que o B14 está em vigor desde janeiro de 2025, enquanto em 2024 o B14 só começou a ser usado em março, após dois meses de B12.

Com o B15 já em vigor desde agosto, o crescimento do diesel fóssil continua limitado neste segundo semestre. As projeções da StoneX indicam que, enquanto o diesel B deve registrar alta de 3,2% na segunda metade do ano, o consumo de diesel A deve crescer apenas 1,3%, confirmando a tendência observada desde a implementação da nova mistura.

Biodiesel: produção recorde e revisão de projeções

Após a decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) no final de junho de elevar a mistura obrigatória de biodiesel de 14% para 15% a partir de agosto de 2025, a StoneX revisou suas projeções para o setor.

A demanda projetada de biodiesel foi ajustada para 9,8 milhões de metros cúbicos em 2025, representando um aumento expressivo de 8,9% em relação a 2024, mesmo com a leve redução na expectativa de crescimento do consumo de diesel B (de 3,0% para 2,7%).

“No acumulado do primeiro semestre, as vendas de biodiesel totalizaram 4,53 milhões de metros cúbicos, alta de 6,2% em relação ao mesmo período de 2024”, destaca Leonardo Rossetti, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

O destaque foi observado em maio, quando foram comercializados 819 mil metros cúbicos, o maior volume mensal do ano e o quarto maior da série histórica, com avanço de 11,4% frente a 2024.

Impacto no mercado de óleo de soja

O consumo de óleo de soja para biodiesel também foi revisado, passando para 7,9 milhões de toneladas em 2025, uma alta de 10,3% frente a 2024. Até o momento, foram consumidas 3,66 milhões de toneladas, avanço de 8,2% sobre o mesmo período do ano passado.

“Com esse ritmo, estimamos que a participação do óleo de soja tenha superado 85% da matriz de insumos para o biodiesel no primeiro semestre”, compartilha Rossetti.

A maior participação do sebo bovino na matriz de insumos pode trazer certo alívio diante da forte demanda por óleo de soja. Em função da tarifa de importação de 50% imposta pelos Estados Unidos, o mercado deve direcionar mais produto ao consumo doméstico. Entre janeiro e julho, o Brasil exportou 290 mil toneladas de sebo ao país, alta anual de 84%.

Perspectivas para o segundo semestre

Para o segundo semestre de 2025, a expectativa é de intensificação da demanda, sustentada pela sazonalidade do consumo de diesel B e pela introdução da mistura obrigatória B15, fatores que podem levar o mercado a registrar novos recordes históricos de vendas mensais.

“Esse cenário deve elevar a pressão sobre a disponibilidade de óleo de soja, principal insumo para o biodiesel. Embora o uso de sebo bovino possa aliviar parcialmente o balanço, a tendência é de redução nas exportações de óleo de soja para priorizar o consumo doméstico”, conclui Rossetti.

O setor de combustíveis, especialmente o mercado de diesel e biodiesel, continua sendo um termômetro importante para o agronegócio brasileiro, refletindo tanto o desempenho das safras quanto as políticas energéticas do país, com impactos diretos na cadeia produtiva agrícola.

Fonte: Agrishow Digital