Desafios internos e externos mexem no mercado de fertilizantes

DATAGRO – Além dos conflitos envolvendo países importantes para o fornecimento de insumos para fertilizantes e da guerra tarifária imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o agronegócio brasileiro está lidando novamente com elevadas taxas de juros, câmbio desfavorável e a logística ineficiente de abastecimento. Para um país que depende das importações para suprir cerca de 85% dos fertilizantes essenciais para o agro, são fatores altamente estratégicos que geram incertezas sobre o momento certo para adquirir insumos.

O momento no mercado de fertilizantes, global e doméstico, foi o tema da 13ª edição da série de lives “Conexão SCA Brasil’, transmitida ao vivo na quinta-feira (15/05) pelo YouTube e LinkedIn. Além das participações do diretor da SCA Brasil Aliança, Alexandre Menezio e do head de operações e inteligência de suprimentos, Marcelo Soto, o programa recebeu como convidado especial o head de fertilizantes e celulose da consultoria StoneX, Marcelo Mello.

Todos concordaram que o “tarifaço” promovido por Donald Trump, particularmente contra o Canadá e a China – dois importantes fornecedores globais de fertilizantes, não alterou significativamente a dinâmica do mercado internacional de insumos agrícolas, mesmo com variações pontuais nos preços de alguns macronutrientes, que continuam representando um desafio a ser equalizado no custo de produção do agricultor brasileiro.

Segundo Menezio, as tarifas anunciadas por Trump inicialmente geraram apreensão e dúvidas entre os especialistas da SCA Brasil Aliança, que assessoram dezenas de companhias agroindustriais na escolha da melhor estratégia para a aquisição de fertilizantes. “Em nosso caso, aguardamos o desenrolar dos fatos para definir uma recomendação mais precisa, o que se mostrou acertado. Entretanto, considerando outras questões, como as oscilações de preços, a elevada taxa de juros no Brasil e as relações de troca com os preços de grãos, há uma dose de risco que ainda leva alguns clientes a postergarem a sua decisão de compra”, ressaltou.

Dentre os parâmetros definidos pela Aliança, o executivo complementa: “Boa parte do nosso esforço para o convencimento dos clientes quanto ao momento de acesso ao mercado de fertilizantes é evitar o movimento de compra dos produtores de soja”. Para Marcelo Soto, os produtores que decidirem realizar a compra de fertilizantes a partir de junho estarão sujeitos a preços mais elevados. “No que diz respeito ao potássio, na safra 2025-2026 os produtores já compraram 72% da sua demanda. Já no fósforo, o índice é de aproximadamente 56%”, detalhou.

O Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), implementado no Brasil em 2022 com o objetivo de reduzir a dependência externa de insumos agrícolas dos atuais 85% para 50% até 2050, também mereceu destaque na 13ª edição da série de Lives ‘Conexão SCA Brasil’.

Na opinião de Alexandre Menezio, mesmo que não haja risco de desabastecimento de fertilizantes no curto prazo, o PNF tem enorme importância para a segurança alimentar do país. “O momento de aparente tranquilidade no abastecimento do mercado interno não exclui o fato de que crises geopolíticas ou outras turbulências globais são cíclicas. Por isso é importante que o Plano não caia no esquecimento, para que de fato sejam construídas bases sólidas de uma indústria nacional menos dependente do produto importado”, sublinhou o diretor da SCA Brasil Aliança.

Fonte: Datagro