Por Chico Sant’Anna
O Consumo de etanol mais do que triplicou em Brasília, no primeiro semestre desse ano. E esse comportamento é fruto, em grande parte, do comportamento da produção da safra da cana em Goiás, que permitiu melhor relação preço etanol/gasolina nos postos de abastecimento do Distrito Federal. Historicamente, o etanol hidratado na Capital Federal está entre os mais caros do Brasil e raramente se mostrou vantajoso em relação ao derivado de petróleo. O quadro se inverteu, o etanol se mostra mais competitivo, hoje equivale, em média a 68% do preço do litro da gasolina, com diferença de preço entre os dois produtos girando entorno de R$ 2,00.
A disponibilidade desse biocombustível é perceptível no perfil do consumo dos motoristas tanto de Brasília, quanto de Goiás. Foi registrado um destacado aumento de vendas de álcool hidratado em Goiás e Distrito Federal no primeiro semestre do ano. “Pelos dados da Agência Nacional de Petróleo – ANP, Goiás teve um total de 1,721 milhões de litros vendidos, 44% a mais do que em igual período da safra 2023-2024, e o Distrito Federal, com crescimento das vendas em 230%, ficou entre os estados com maior crescimento percentual de vendas do Brasil”, afirmou, Martinho Seiiti Ono, responsável pela SCA Brasil, empresa especializada no mercado físico de biocombustíveis.
Apesar das condições climáticas adversas na safra 2024-2025, as usinas sucroenergéticas do estado de Goiás registraram um processamento de 34 milhões toneladas de cana-de-açúcar até a primeira quinzena de julho, um aumento de 8% em comparação ao mesmo período do ciclo anterior. Foram produzidos 1.638 m³ do biocombustível hidratado, volume 14,3% superior ao da safra passada, e 549 mil m³ de etanol anidro.
Em média, o etanol só é vantajoso, quando ele custa até 70% do preço da gasolina comum. O cálculo é feito a partir do consumo médio dos veículos. Se um carro a gasolina percorre 10 km com um litro, haverá vantagem para o motorista usar etanol, se ele fizer 7 km com um litro. Quem ganha mais com o consumo do Etanol é o meio ambiente. O combustivel é bem menos poluente do que os derivados de petróleo.
Outra vantagem é que o consumo de etanol produzido na região faz com que o dinheiro se mantenha circulando por aqui, gerando emprego e renda na Região, ao contrário da gasolina, que no caso de Brasília, vem em grande parte de Paulínia, no Estado de São Paulo. Na geografia da produção sucroalcooleira, Goiás faz parte da região Centro-Sul, onde a previsão para a colheita é de cerca de 615 milhões de toneladas na atual safra, contra a colheita recorde de 654 milhões de toneladas da safra passada.
Álcool de cana
Além da elevação da produção do álcool de cana, a Região vem se beneficiando com o acentuado crescimento do etanol de milho, 51% maior, com volume de 280 mil m³. Em Goiás, segundo o Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol de Goiás (Sifaeg), já há usinas capazes de produzir álcool tanto da cana, quanto do milho.
“O etanol está com preços melhores do que na safra passada, ainda assim, estamos cerca de 30% abaixo dos preços alcançados no açúcar, o que explica a maior alocação de sacarose para a cristalização”, destacou Ono.
O cenário favorável ao Etanol não deve, contudo, se manter no segundo semestre do ano, salvo se o preço da gasolina vier a apresentar elevadas altas de preço. Isso, pelo fato de que já a partir desse mês de agosto, as condições climáticas, com longo período de estiagem e temperaturas atípicas, devem afetar a produtividade apresentando uma retração será mais acentuada nos cortes da cana.
Fonte: BLOG CHICO SANT’ANNA