Corteva lidera rodada da Puna Bio, que leva bactérias ‘extremas’ do deserto para o campo

Foto: Corteva/Divulgação


Por Tatiana Freitas

Uma bactéria extrema, que existe há 3, bilhões de anos, capaz de promover o crescimento das plantas em condições adversas, como a seca, altas temperaturas e falta de nutrientes. Essa é a tese da Puna Bio, startup argentina que acaba de fechar uma nova rodada de financiamento liderada pela Corteva Catalyst, braço de investimentos de risco da gigante norte-americana de insumos agrícolas.

O valor levantado pela empresa de biológicos não foi divulgado, mas há detalhes sobre os investidores. Nomes que estiveram presentes na primeira rodada da Puna Bio, em 2022, acompanharam. Entre eles, estão a brasileira SP Ventures, a At One Ventures, uma empresa de capital de risco do Vale do Silício que liderou a rodada seed, SOSV e Builders VC. A Dalus Capital, firma de venture capital do México, entrou como novo investidor.

Com os recursos, a PunaBio quer ampliar as suas operações para os Estados Unidos, Brasil e Paraguai, além de expandir o portfólio. “Começamos com produtos para promoção de crescimento e agora estamos indo para biocontrole”, disse Franco Martínez Levis, CEO e cofundador da Puna Bio, em entrevista ao The AgriBiz .

A Puna Bio desenvolve produtos para tratamento de sementes a partir de extremófilos, bactérias que vêm sendo estudadas há 25 anos por três cientistas em La Puna do Atacama, um deserto localizado na região dos Andes, na Argentina.

Elas são chamadas de bactérias ‘extremas’ por terem sobrevivido (e prosperado) em 3,5 bilhões de anos de existência, o que levou os cientistas a pesquisarem como elas poderiam fortalecer as lavouras contra os impactos das mudanças climáticas.

O que teve início como pesquisa pura começou a ganhar cara de negócio há cinco anos, quando uma aceleradora uniu os cientistas a um grupo de empreendedores, incluindo Levis, o atual CEO. Em 2020, os produtos foram testados em campo e apresentaram bons resultados. Em 2022, veio a primeira rodada, com a captação de US$ 3,7 milhões, utilizados na construção do primeiro laboratório e no crescimento da equipe.

Além de permitir o desenvolvimento das lavouras em ambientes extremos e solos degradados, o tratamento de sementes baseado em extremófilos é capaz de melhorar a produtividade entre 10% e 15% em solos férteis, segundo a empresa. Para isso, solubiliza fósforo do próprio solo e fixa o nitrogênio, entre outras funções.

“Com seu enfoque em novas e mais sustentáveis formas de aumentar a produtividade, vemos um potencial significativo na Puna Bio e sua tecnologia”, disse Tom Greene, diretor sênior da Corteva e líder global para Corteva Catalyst, em comunicado.

Expansão

Atualmente, a Puna Bio só atua em escala comercial na Argentina, onde vende dois produtos: o Kunza, voltado para o tratamento de sementes para soja, feijão e algodão, e um biofertilizante para trigo e cevada. Os produtos já foram utilizados em mais de 300 mil hectares, em três safras.

No Brasil, a empresa está “muito perto” de obter aprovação regulatória para lançar o Kunza, segundo Levis. Na comercialização, a empresa deve atuar por meio de uma parceria com a empresa de biológicos Gaia Agrosolutions. A Puna Bio também aguarda aval dos reguladores para vender seus produtos nos Estados Unidos e no Paraguai.

A biotech argentina possui um banco com mais de 1.300 cepas e em constante crescimento — a empresa possui patentes garantindo a proteção dos microrganismos por mais de 20 anos.

“Com uma grande parte da terra fértil do mundo em caminho à degradação e os padrões climáticos ficando mais extremos, a nossa plataforma de desenvolvimento assegura que possamos seguir alimentando a população global de maneira sustentável”, diz Levis.

Fonte: The AgriBiz