Conflitos do Oriente Médio e o preço dos combustíveis

A cada episódio de conflito no planeta, seja na Europa, seja no Oriente Médio, há um efeito sobre as cotações internacionais do petróleo e sobre o dólar, principais variáveis para o reajuste dos combustíveis.

Desde outubro do ano passado os preços do óleo diesel e da gasolina têm sido mantidos no mesmo patamar, sem  que a Petrobras tenha feito mudanças, apesar das cotações do mercado internacional. O preço do barril de petróleo, por exemplo, está perto dos US$ 90 desde o início do mês, notadamente a partir do episódio envolvendo Israel e a embaixada iraniana, em Damasco, na Síria. O dólar também vinha em alta, mas fechou a cotação na segunda-feira em alta de 1,24% R$ 5,1847, no maior patamar de fechamento desde 27 de março de 2023, tendo encostado no valor de R$ 5,21 na máxima do dia.

A reportagem do jornal Valor Econômico traz análise de diversas fontes para explicar a defasagem dos preços dos combustíveis no âmbito local e suas consequências. Segundo o jornal, a defasagem para o óleo diesel ante a paridade internacional varia entre 8,46% e 14,50%, creditandoa estimativa à StoneX, Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), XP Investimentos e Warren Investimentos. Para a gasolina, o percentual frente ao mercado externo varia entre 9,60% e 28,60%.

Especialistas afirmam que a Petrobras tende a “segurar” os preços em eventos que façam com que as cotações do petróleo fiquem mais instáveis, evitando repassar a volatilidade para o mercado doméstico. São 178 dias com preços mantidos nas refinarias. O diesel está sem mudanças nos preços desde 27 de dezembro, quando a companhia reduziu os valores nas refinarias em 7,94%, totalizando 111 dias sem alterações.

Nas aspas de Charles Laganá Putz, conselheiro de administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef-SP), há o alerta de que as pressões sobre a política de preços da Petrobras tragam desafios adicionais em relação à legislação, na qual o uso da estatal pelo governo para interesses públicos e sociais contrários aos da empresa demanda ressarcimento à companhia: “Não parece que o governo pretenderia compensar a empresa, o que geraria demandas judiciais de seus acionistas”, disse Putz. Um dos possíveis efeitos de uma retenção mais prolongada de reajustes é o risco de desabastecimento de combustíveis em algumas regiões.

O Brasil importa cerca de 25% do total de óleo diesel vendido no país. Na reportagem, o jornal Valor Econômico apurou que a importação de derivados, em fevereiro, foi abaixo da média dos últimos 12 meses, o que acenderia alerta para eventual risco de falta pontual de produto.

Íntegra da matéria: Valor Econômico (para assinantes)