Combustível do Futuro quer incentivar nova indústria e Petrobras não precisa de mandato, diz ministro

Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante evento do G20,
em Belo Horizonte (G20 BH, Ricardo Botelho)

Por Nayara Machado

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), disse nesta segunda (27/5) que a intenção da política do Combustível do Futuro, em discussão no Senado, é incentivar novas indústrias e que a Petrobras tem “musculatura”, o que dispensa a necessidade de um mandato para o seu diesel coprocessado com óleos vegetais.

O ministro, no entanto, classificou a tentativa de incluir o coprocessado no mandato do diesel verde como “menos pior”, em comparação com a abertura para inserção do combustível – hoje, produzido apenas pela Petrobras – na política do biodiesel.

“Eu sou daqueles que respeitam a decisão do parlamento, mas acho que o governo tem muita simpatia pela nova indústria, tanto do diesel verde quanto do biodiesel. No [mandato do biodiesel] eu fui mais contundente em não admitir. Ainda bem que a querida senadora Tereza Cristina está desviando o foco do biodiesel e levando para o diesel verde, que é realmente uma nova discussão no Brasil”, afirmou.

Durante as discussões do projeto de lei na Câmara, a estatal tentou incluir seu produto no mandato destinado ao biodiesel, defendendo que não deveria existir distinção entre as rotas. A proposta foi rejeitada pelo governo e pelos deputados federais.

Agora, com a matéria no Senado, uma emenda de Tereza Cristina (PP/MS) propõe o reconhecimento da parcela renovável do coprocessado no mandato que será criado para o diesel verde.

“O investimento no coprocessado da Petrobras, que é importantíssimo e que no futuro vai chegar a ser competitivo financeiramente, não pode competir com o biodiesel nem com o diesel verde”

Também conhecido pela sigla HVO, o diesel verde é um combustível idêntico na molécula ao diesel de petróleo, no entanto, sua origem é 100% de matérias-primas renováveis.

No coprocessamento, a Petrobras inclui cargas de óleo vegetal durante o refino do petróleo, resultando em um diesel com uma parcela de carbono de origem renovável. Quimicamente, é obtido por um processo de hidrotratamento, como HVO. É o argumento usado pela companhia.

Ela batizou a linha de Diesel R e hoje comercializa com 5% de volume (R5) obtido por meio do coprocessamento.

Petrobras não precisa de uma política pública, defende Silveira

“A Petrobras já é monopolista e ela já tem musculatura suficiente para não precisar de mandato”, disse o ministro a jornalistas, após evento do G20 em Belo Horizonte (MG).

“O que nós queremos, além de descarbonizar, com os mandatos que estamos criando para o biodiesel e diesel verde – que não foi fácil aprovar na Fazenda – foi criar essa nova indústria”, disse Silveira.

O Combustível do Futuro, com o mandato do diesel verde (sem coprocessado), criação de políticas para o setor automotivo, novos ciclos de vida, e o mandato do combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), foi proposto pelo governo federal em 2023.

Na visão de Silveira, o desenvolvimento nessa nova indústria pode ocorrer paralelamente aos planos de expansão da Petrobras.

“Essa nova indústria é uma indústria menor. São investidores menores. Eles precisam captar recursos e têm mais dificuldade para isso no mercado financeiro do que a Petrobras”.

“Como nosso foco é estimular novos investimentos, eu acho que o investimento no coprocessado da Petrobras, que é importantíssimo e que no futuro vai chegar a ser competitivo financeiramente, ele não pode competir com o biodiesel nem com o diesel verde”, concluiu.

Fonte: EPBR