Por Natália Cherubin
Em 2023, o EBITDA Ajustado do segmento sucroenergético da Adecoagro, atingiu US$ 395,6 milhões, 5,9% superior ao ano anterior. O aumento de 19,2% ano a ano no volume de moagem, que atingiu 12,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, recorde histórico para as usinas do grupo, foi um dos motivos.
A maior disponibilidade de cana, sólidos indicadores de produtividade graças à implementação de técnicas agrícolas como muda pré-brotada (MPB) e melhores condições climáticas.
No acumulado do ano, o volume de moagem atingiu 12,5 milhões de toneladas, registrando um aumento de 19,2% em relação ao último ano e um recorde histórico para nossas fábricas. Isto foi explicado, segundo relatório da companhia, principalmente pela maior disponibilidade de cana-de-açúcar, juntamente com uma melhoria significativa nos indicadores de produtividade agrícola, incluindo um aumento de 19,7% ano após ano nos rendimentos, para 80 toneladas por hectare.
“Essa conquista também foi possível graças ao implementação de técnicas agrícolas como a muda pré-brotada (MPB) – o que nos permite reproduzir variedades melhor adaptadas à nossa região a um ritmo muito mais rápido – e também graças as condições climáticas normais que favoreceram o desenvolvimento da cana ao longo do ano”, disse a companhia em relatório.
O volume de moagem no 4T23 foi de 2,9 milhões de toneladas, 7,2% inferior ao mesmo período do ano passado. Isto foi explicado pela companhia, pela redução de 13,8% na cana própria moída devido às maiores chuvas recebidas durante o ano. Por outro lado, a aquisição de cana de terceiros aumentou 204 mil toneladas ano a ano, graças às oportunidades que surgiram de produtores de áreas próximas. Em termos de produtividade, produtividade atingiu 82 toneladas por hectare, 1,4% superior ao 4T22, enquanto o teor de ATR apresentou leve redução de 5,3% ano a ano, para 127 kg/ton.
A Adecoagro desviou até 52% da sua cana para a produção de açúcar, que era negociado em em média 40% acima do etanol hidratado em Mato Grosso do Sul. “Aproveitando nossa flexibilidade de produção e alta eficiência industrial, conseguimos produzir um volume recorde de açúcar de 806 mil toneladas (1,7x acima do ano anterior) e lucrar com preços atrativos. Em relação ao etanol, aproveitamos nossa capacidade de armazenamento para transportar mais de 187 mil m3 (36% da nossa produção anual) para os seguintes trimestres, para lucrar com os preços esperados mais elevados”, afirmou a companhia em seu relatório.
A produção armazenada poderá, segundo a companhia, eventualmente ser vendida como etanol hidratado, ou desidratado a qualquer momento e transformado em etanol anidro demandado no mercado interno e mercados de exportação. “Ter as certificações e capacidade industrial necessárias para atender especificações para exportar etanol para a Europa é uma de nossas vantagens competitivas”, afirmou a companhia.
Em relação à energia, a companhia focou na produção apenas do volume contratado, capturando prêmio sobre os preços spot e armazenando bagaço para usos mais lucrativos. Em 2023, a energia exportada atingiu 694.259 MWh, 14,0% superior ao ano anterior, embora o volume de moagem tenha aumentado 19,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Isso é explicado pela companhia, pela sua estratégia comercial de utilizar o bagaço em alternativas mais rentáveis durante o ano, como combustível no processo de desidratação do etanol, em vez de vender energia no mercado spot a preços baixos.
A companhia revela que entrou em 2024 com boa disponibilidade de cana e hoje é um dos poucos players no Brasil esmagando e produzindo açúcar neste período. Poder moer cana durante todo o ano, mesmo durante o tradicional entressafra é um dos diferenciais competitivos da companhia. “O açúcar continua a ser apoiado por fundamentos sólidos e estamos em uma excelente posição para lucrar com esse cenário, já que temos apenas 47% da nossa produção de açúcar esperada para 2024 está coberta (preço médio de 23,7 cts/lb). Em termos de etanol, os preços se recuperaram do nível mais baixo observado no início de janeiro devido a uma mudança significativa procura a este tipo de combustível dada a baixa paridade na bomba (atualmente nos 60%), aliada com a menor oferta à medida que a indústria entrou na entressafra”, disse a companhia, que acredita que ainda há espaço para que os preços do etanol continuem subindo, principalmente pela baixa paridade na bomba, bem como a uma redução esperada para a produção de cana e etanol durante o período 2024/25.
Em 2024/25, a Adecoagro espera crescer na moagem em relação a safra 2023/24. “Supondo que o tempo esteja normal, esperamos aumentar nosso volume de moagem versus 2023, pois temos disponibilidade de cana suficiente para utilizar nossa capacidade industrial. Isto por sua vez, resultaria em uma redução adicional no custo caixa unitário, devido à melhor diluição dos custos fixos.
Resultados financeiros
No acumulado do ano, o EBITDA Ajustado totalizou US$ 395,6 milhões, apresentando um aumento de 5,9% em relação ao último ano e um novo recorde para esta unidade de negócio. Isso foi totalmente impulsionado pelo aumento da receita líquida de US$ 96,8 milhões, graças à decisão comercial de favorecer a produção de açúcar. “Os resultados foram parcialmente compensados por uma perda de US$ 13,6 milhões na marcação a mercado dos ativos biológicos e a um aumento de US$ 19,0 milhões nas despesas de vendas”, afirmou a companhia.
As vendas líquidas atingiram US$ 700,3 milhões em 2023, alta de 16,0% em relação ao mesmo período do ano passado, respectivamente. O crescimento foi impulsionado, segundo a companhia, devido a um maior volume de vendas e maiores preços médios de venda do açúcar. “Os resultados foram parcialmente compensados pela redução ano após ano nas vendas de etanol, uma vez que transportamos estoque para ser vendido a preços futuros mais elevados preços.”
Durante a safra 2023/24, as vendas de açúcar atingiram US$ 416,2 milhões, 128,8% superiores às ano anterior devido a um aumento nos volumes vendidos, que foi de 366 mil toneladas, alta de 23,7% no ano. No acumulado do ano, as vendas de etanol totalizaram US$ 233,3 milhões, marcando uma redução de 37,2% em relação ao ano anterior. Os volumes vendidos em 2023 também foram impulsionados pela estratégia de mix sugar max e pela estratégia comercial para
acumular estoques de etanol até a recuperação dos preços (36% da produção anual foi armazenada em nosso etanol
tanques até o final do ano).
Dentro do nosso volume vendido, a companhia exportou 54,4 mil metros cúbicos de etanol anidro a um preço médio de US$ 637/m3, dos quais 25,8 mil metros cúbicos foram vendidos no 4T23 a uma média preço de US$ 572/m3. “Isto representa uma vantagem competitiva, pois possuímos as certificações necessárias e capacidade industrial para atender especificações de produtos para exportar etanol para a Europa”, informou a companhia.
As vendas líquidas de energia totalizaram US$ 32,0 milhões na safra 2023/24, 7,7% acima do mesmo período do ano passado, impulsionado por um aumento de 18,1% no volume de vendas que compensou totalmente a queda de 8,8% no preço médio de vendas.
Ainda de acordo com dados da Companhia, os custos totais de produção, excluindo depreciações e amortizações atingiram, 8,2 cts/lb na safra 2023/24, em linha com o ano anterior.
Fonte: RPAnews