Com diesel sob pressão, Petrobras pode fazer novo reajuste em breve

Gabriel Casarotti

Por Gabriel Casarotti*

Um conjunto de fatores fez com que a defasagem dos valores nacionais cobrados pela Petrobras em comparação com o preço de paridade de importação (PPI) aumentasse nos últimos dias, chegando a 21% no caso da gasolina A e 13% para o diesel A. Os números consideram a média dos principais polos da Petrobras, segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) em 17 de abril de 2024.

Com isso, a defasagem para o preço do diesel já superou o número que desencadeou o último reajuste positivo de preços imposto pela Petrobras. A diferença, em outubro de 2023, era negativa em 12,9%. Assim, se a estatal mantiver um critério equivalente ao do ano passado, o reajuste pode ser na casa dos R$ 0,25.

No entanto, por mais que o setor tema um possível desabastecimento, o governo luta contra os índices de inflação, que podem aumentar caso os preços dos combustíveis também cresçam. Essa característica pode pesar na decisão do reajuste.

O Brasil, em sua matriz energética, importa tanto petróleo como diesel e gasolina e, deste modo, é altamente sensível à geopolítica internacional no setor. Isso fez com que as primeiras semanas de abril fossem especialmente relevantes na formação nos custos, ainda mais levando em consideração a falta de vínculo entre os preços nacionais com o PPI, posto de lado pela estatal em meados de maio de 2023.

No Oriente Médio, os recentes ataques à Israel desencadearam uma forte pressão sobre os preços do petróleo mundialmente, tendo em vista a importância do Irã no fornecimento global do combustível fóssil.

O país islâmico atualmente figura entre os dez maiores produtores de petróleo do mundo, com uma produção superior a 3 milhões de barris por dia. Além disso, é um dos integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), fazendo com que um conflito armado no Irã cause um grande receio no mercado.

Ademais, a economia internacional vem sendo abalada com os recentes indicadores econômicos dos Estados Unidos, onde – em ano de eleição – as taxas de juros devem continuar conservadoras por mais tempo que o previsto, fazendo o câmbio se fortalecer.

A economia brasileira, por sua vez, também contribuiu com o aumento do dólar, à medida que a instabilidade fiscal pairou sobre o país nas últimas semanas.

*Analista de custos de insumos agroindustriais do Pecege Consultoria e Projetos.

Fonte: NovaCana