China desbanca Rússia e lidera venda de fertilizante para Brasil

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A praticamente via única de comércio no setor agropecuário entre Brasil e China começa a mudar. O mercado chinês continua sendo o principal para os brasileiros, mas os produtos do país asiático também entram na mira do mercado nacional. Até outubro, as importações brasileiras do agronegócio no país asiático subiram para US$ 6,1 bilhões, 24% a mais do que em igual período de 2024.

O Brasil vem mudando o perfil de seus fornecedores, segundo a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), e um desses sinais é o da compra de fertilizantes. Pela primeira vez, a China ultrapassa a Rússia no fornecimento desse insumo para o Brasil, em volume.

Os brasileiros importaram 9,77 milhões de toneladas de adubos dos chineses de janeiro a outubro, volume pouco superior aos 9,72 milhões do dos russos, mas o ritmo de fornecimento da China vem ganhando velocidade. As compras brasileiras do insumo chinês cresceram 51% neste ano, em relação às de igual período anterior. As negociações com os russos evoluíram apenas 5,6%, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). As negociações brasileiras com a China se destacam no setor de sulfato de amônio. Já a Rússia se mantém como fornecedora estratégica de cloreto de potássio. Os dois países são responsáveis por 50% do volume de adubo importado pelo Brasil.

A CNA aponta que as compras de sulfato de amônio continuam surpreendendo neste ano. Já as de potássicos, devido à fase de baixa sazonalidade, perderam força. Nos dez primeiros meses deste ano, as importações totais de fertilizantes somaram 38,3 milhões de toneladas, 4,6% a mais do que em igual período de 2024. Os gastos com as compras subiram 16%, para US$ 13,2 bilhões neste ano, segundo a Secex. Entre os cinco principais fornecedores de fertilizantes para o Brasil, em volume, estão China, Rússia, Canadá, Marrocos e Egito.

Avaliando os fundamentos do mercado, a CNA afirma que não há perspectivas de aumento de preços nos fosfatados, uma vez que a demanda está enfraquecida em países importantes como Brasil, Índia e Estados Unidos. Os potássicos têm preços estáveis, devido à ausência de compradores chineses e de estoques disponíveis no Brasil e nos Estados Unidos. Já os nitrogenados têm mercado mais volátil. A China eleva a oferta, mas a Índia entra no mercado de compras.

Os preços de outubro, em relação aos de setembro, estão em queda no mercado brasileiro, mas ainda representam alta em comparação aos de igual período do ano passado. A relação de troca melhorou nos últimos meses para soja, milho e café. Já para o algodão, o cenário não é favorável ao produtor, devido à queda nos preços da fibra e aos preços elevados dos fosfatados.

O agricultor está comprando mais fertilizante neste ano. Até agosto foram entregues 30,5 milhões de toneladas, 9% a mais do que em 2024, segundo a Anda (Associação Nacional para a Difusão de Adubos). Neste ano, as compras deverão atingir novo recorde, volume que será ainda maior em 2026, devido ao aumento de área e investimentos maiores pelos produtores, segundo a CNA.

As importações de agroquímicos (inseticidas, herbicidas, fungicidas e outros) somaram 863 mil toneladas até outubro deste ano, com gastos de US$ 4,67 bilhões, segundo a Secex. Houve alta de 33% no volume importado e de 21% nos gastos com as importações. A China é responsável pelo fornecimento de 70% do volume, vindo a seguir a Índia, com 11%.

Fonte: Brasil Agro