
O avanço das exportações chinesas de fertilizantes foi determinante para evitar uma disparada de preços no mercado brasileiro em 2025, um ano considerado de “empate” para o setor. Segundo reportagem do portal AgFeed, apesar da perspectiva de margens menores e de custos logísticos mais altos, o setor deve encerrar o ano com leve aumento nas entregas, estimadas entre 47 e 48 milhões de toneladas.
O presidente do Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas do Paraná (Sindiadubos), Aluísio Schwartz Teixeira, afirmou que a China “salvou” o agricultor brasileiro ao ampliar o volume de produtos enviados ao país, especialmente fosfatados e sulfato de amônio. Essa maior oferta impediu uma alta mais expressiva de preços e garantiu o abastecimento durante a safra.
Somente no primeiro semestre, o Brasil importou 300 mil toneladas a mais de superfosfato simples chinês. No caso dos adubos NP/NPS, as compras subiram de 900 mil para 2 milhões de toneladas, enquanto o sulfato de amônio registrou alta de 1,5 milhão de toneladas. Mesmo com redução no MAP, o volume total de fertilizantes importados deve encerrar o ano com incremento de cerca de 3 milhões de toneladas.
O Paraná segue como um dos principais hubs logísticos do país, com grande movimentação pelo Porto de Paranaguá. A relevância da região faz do Sindiadubos uma referência nacional. A entidade estima crescimento entre 4% e 6% no volume total entregue, ainda que a concentração de nutrientes se mantenha estável. O movimento de antecipação de compras já começou, com produtores negociando adubo para a safra 2026/2027.
A forte presença chinesa, no entanto, divide opiniões no setor. Alguns executivos afirmam que os fosfatados vindos da China possuem menor solubilidade em água, o que poderia afetar a produtividade. Teixeira rebate e sustenta que não há comprovação técnica de perda de eficiência, defendendo que a discussão é mais comercial do que agronômica.
Para 2026, o dirigente prevê desafios adicionais, como crédito restrito, inadimplência crescente e custos logísticos elevados. “Se o frete e o dólar continuarem subindo e a China reduzir a oferta, o mercado entra no próximo ano com preços iguais ou ainda mais altos”, avalia. Mesmo assim, ele acredita que a antecipação das compras e a diversificação de fornecedores podem amenizar os impactos ao produtor rural.
Por Alessandra Mello
Íntegra da matéria: AgFeed