CBios seguem em queda na 2ª quinzena de outubro, negociados, em média, a R$ 38,29

Com o crescimento da oferta e faltando cerca de dois meses para o fim do prazo para cumprimento das metas, o mercado de créditos de descarbonização (CBios) manteve a tendência de queda nos preços na segunda quinzena de outubro. No período, os créditos foram negociados a, em média, R$ 38,29, retração de 5,6% em relação às primeiras semanas do mês.

O valor também está 37,2% abaixo da média de 2025, de R$ 60,99, e 53,6% aquém da média histórica do RenovaBio, de R$ 82,57.

Os números são resultados de cálculos realizados pelo NovaCana a partir dos dados divulgados pela bolsa de valores brasileira B3, a única entidade registradora do programa.

Na primeira quinzena de outubro, 2,84 milhões de papéis foram negociados (queda de 41,5% na comparação movimentando R$ 108,71 milhões (-34,1%). Por sua vez, o preço de negociação dos CBios variou entre R$ 41,35 e R$ 34,90. O maior valor foi visto no dia 16, enquanto o menor foi registrado no dia 31.

“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.

Ainda conforme a B3, entre janeiro até as últimas semanas de outubro, o volume financeiro das negociações alcançou R$ 4,28 bilhões. O valor está 36,8% abaixo do visto no mesmo recorte de 2024, quando foram movimentados R$ 6,77 bilhões. O volume de CBios, por sua vez, apresentou uma queda de 7,1% na mesma comparação, saindo de 75,48 milhões para 70,1 milhões.

A queda pode ser justificada pelo cenário de retração nos preços visto ao longo do ano, provocado por uma maior oferta em relação à demanda.

Com os créditos disponíveis no mercado, já é possível ultrapassar em 6% a meta do RenovaBio prevista para 2025, de 49,36 milhões de títulos. Isso porque considerando os créditos em estoque no fechamento da sessão na sexta, 31, os papéis retirados de circulação neste ano e os 181 mil títulos que foram aposentados de maneira antecipada em 2024, o volume total chega a 52,35 milhões de CBios.

O objetivo deste ano foi definido pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O montante considera, além dos 40,39 milhões de créditos aprovados pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), também os 10,49 milhões de CBios que ficaram pendentes do ano passado. Além disso, foram descontados 1,52 milhão de títulos abatidos das metas individuais das distribuidoras que cumpriram contratos de longo prazo com produtores de biocombustíveis.

Posse e aposentadoria

Em 31 de outubro, a B3 encerrou a sessão com 30,99 milhões de créditos em circulação. O montante representa 62,8% do objetivo calculado pela ANP para o ano.

Do total de CBios disponíveis no mercado ao final da quinzena, 51,3%, ou 15,89 milhões, estavam em posse das usinas certificadas no programa. Já as distribuidoras de combustíveis, com objetivos a cumprir, detinham 14,49 milhões, ou 46,8%. Assim, os 608,63 mil créditos restantes (2%) estavam com investidores sem metas.

Além disso, na segunda quinzena de outubro, 2,27 milhões de créditos foram aposentados, alta de 19,6% em relação aos 1,9 milhão de títulos que saíram de circulação no mesmo período de 2024.

Entretanto, no acumulado do ano, 21,17 milhões de CBios saíram do mercado, queda de 39,6% na comparação anual. Com isso, apenas 42,9% da meta de 2025 foi realmente alcançada até agora.

De acordo com dados atualizados pela B3, não ocorreram aposentadorias por companhias sem metas a cumprir neste ano. Segundo as regras do RenovaBio, a retirada de títulos feita por partes não obrigadas pode ser deduzida dos objetivos finais do programa. Com isso, as aposentadorias feitas durante o ciclo 2025 devem ser contabilizadas no próximo ano.

Emissões

Na segunda quinzena de outubro, as usinas certificadas no RenovaBio emitiram 2,23 milhões de CBios, acréscimo de 3,6% na comparação anual.

No acumulado de 2025, por sua vez, as sucroenergéticas escrituraram 35,79 milhões de títulos. Em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento foi de 1,6%.

Segundo a ANP, 342 usinas estão atualmente certificadas para a emissão dos créditos do programa. Destas, seis fabricam biometano e outras 43, biodiesel.

Dentre as 293 usinas de etanol certificadas, 277 utilizam apenas a cana-de-açúcar como matéria-prima; oito processam cana e milho; sete, apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada.

Desde o início do programa RenovaBio até o momento, 194,53 milhões de CBios já foram emitidos por estas companhias.

Por Giully Regina

Fonte: Nova Cana