
TIMES BRASIL – Embora o Brasil tenha a maior frota de automóveis flex do mundo, o consumo de etanol hidratado segue concentrado em apenas seis estados — São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Esses mercados respondem por 80% do volume nacional, enquanto os demais 21 estados e o Distrito Federal consomem apenas 20%, apesar de concentrarem 45% dos veículos bicombustíveis, de acordo com dados do setor.
Oportunidade de expansão
Para o CEO da SCA Brasil, Martinho Seiiti Ono, esse desequilíbrio revela um desafio logístico, mas também uma oportunidade. “Infraestrutura de postos, competitividade de preços e políticas tributárias regionais explicam parte da disparidade”.
Com a reforma tributária prevista para 2027 e a expansão da produção do etanol de milho, o acesso deve se tornar mais amplo”, afirmou no painel Expansão global do etanol, durante a FenaBio, integrada à 31ª Fenasucro & Agrocana, em Sertãozinho (SP).
O debate reuniu líderes como Renato Cunha (NovaBio), Pedro Paranhos (Evolua Etanol), Rafael Luiz Ceconello (Toyota do Brasil) e Paulo A. Trucco da Cunha (FS Fueling Sustainability), sob mediação de Luciano Rodrigues, da UNICA.
Mercado interno e desafios regionais
Segundo Ono, 78% da frota nacional é flex, mas apenas 24% abastece com etanol. Cada ponto percentual adicional de participação representa 850 mil m³ de consumo extra. “Se subirmos de 24% para 30%, são cerca de 5 milhões de litros a mais”, disse.
O desempenho de estados como São Paulo (42% de participação do etanol) e Mato Grosso (mais de 50%) comprova, segundo o executivo, que há espaço para crescimento em regiões onde o uso não chega a 8% e postos sequer oferecem bombas de etanol.
Etanol de milho em alta
Com a produção de cana estagnada há mais de uma década, o milho ganhou espaço. A produção de etanol de cana caiu 2% na safra 2024-2025, para 26,76 bilhões de litros, enquanto a de milho subiu 31%, atingindo 8,19 bilhões. A expectativa da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM) é alcançar 10 bilhões de litros na safra 2025-2026.
Comunicação com o consumidor
Ono defendeu ainda uma comunicação mais eficaz com os motoristas. Para ele, medidas como a elevação da mistura de anidro na gasolina para 30% (E30) e a adoção da monofasia no imposto federal criaram vantagens competitivas para o etanol, mas não foram compreendidas pelo público.
“Falamos muito dos benefícios dos biocombustíveis, mas o segmento comunica mal. Precisamos mostrar ao consumidor todas as externalidades positivas do etanol”, afirmou.
Foto: CEO da SCA Brasil, Martinho Ono, marcou presença no painel que reuniu lideranças
da indústria de biocombustíveis – Crédito: Sérgio Ferreira/SCA Brasil
Fonte: Times Brasil