Por Nayara Figueiredo
Para aproveitar melhor os subprodutos da cana e economizar no uso de químicos, a companhia do setor sucroenergético BP Bunge Bioenergia investiu R$ 22 milhões na construção de sua primeira fábrica de fertilizantes líquidos para atender à demanda da empresa pelo insumo. A unidade foi inaugurada nesta semana e fica na usina Moema, em Orindiúva (SP).
Além de fertilizantes foliares líquidos, a fábrica fará o enriquecimento da vinhaça produzida como resíduo da própria cana processada pelo grupo. Esse resíduo voltará para o campo como fonte de potássio para os canaviais. Em um primeiro momento, esses fertilizantes não serão comercializados no mercado.
Rogério Bremm, diretor agrícola da BP Bunge, afirma em entrevista ao Valor que, além desta unidade, já está nos planos da empresa a construção de mais duas: uma em Minas Gerais e outra em Goiás. “Serão projetos semelhantes e que devem demandar o mesmo investimento da primeira fábrica”, conta.
O executivo lembra que desde que a BP Bunge foi criada, em dezembro de 2019, foram construídos planos diretores de melhoria de desempenho. “Dentro de um desses planos estava a maximização do uso dos nossos subprodutos da cana-de-açúcar”.
Em 2021, a BP Bunge começou a elaborar um plano de erguer uma fábrica de adubos para atender o grupo. A ideia era seguir no rumo da agricultura regenerativa, reaproveitando resíduos e substituindo produtos químicos.
O contexto internacional dos anos seguintes acelerou o processo. Em 2022, a invasão da Rússia na Ucrânia — , dois importantes fornecedores globais de fertilizantes — impulsionou uma forte alta nos preços dos insumos. As obras da BP Bunge em Orindiúva começaram, efetivamente, em 2023.
“Nesta safra, serão produzidos 5 milhões de litros de fertilizante foliar”, estima Bremm. Os produtos são organominerais, pois contam com a mistura de insumos químicos, e geram ganho de produtividade para os canaviais.
Segundo o diretor, os fertilizantes foliares são utilizados como suplemento nutricional contendo macro e micronutrientes. Junto aos bioestimulantes e insumos biológicos, formam uma tecnologia com potencial para gerar um incremento médio de oito a dez toneladas por hectare na lavoura.
“Nesta frente, o volume produzido na nova planta será capaz de atender à demanda de sete das 11 usinas da empresa instaladas no país, abrangendo um total de 300 mil hectares”, diz.
A fabricação de vinhaça, por sua vez, deverá atender a 45 mil hectares da companhia distribuídos nas usinas Moema e Guariroba, em Pontes Gestal (SP). Estas duas plantas também serão atendidas pelo adubo foliar.
Segundo Breem, avaliação é da companhia é que o subproduto, além de aumentar a longevidade e a produtividade do canavial, também protege a qualidade do solo.
A operação da fábrica é 100% automatizada, fator considerado pelo executivo como um diferencial do mercado, já que torna possível alcançar um volume elevado de produção devido aos níveis de precisão do processo.
A BP Bunge também espera que a fabricação própria de fertilizantes reduza custos da companhia, uma vez que a nova operação elimina os gastos com o processo de diluição e transporte dos insumos que ela compra de fornecedores externos. A estimativa de economia nesse sentido chega a 40%, de acordo com o executivo.
“Estamos racionalizando ao máximo o nosso subproduto, deixando de importar o cloreto de potássio, de usar ureia, e usando a vinhaça, bactérias para a adubação biológica. Estamos substituindo itens principais das despesas”, pontua Bremm.
Com a diminuição desses custos, a companhia pretende direcionar investimentos para potencializar mais o processo de bioestimulação dos canaviais a partir do uso dos fertilizantes foliares que serão produzidos internamente.
Fonte: Globo Rural