
Foto: Tauan Alencar/MME
Por Nayara Machado
Em 2024, o uso da bioenergia no Brasil evitou mais de 94 milhões de toneladas de CO2, o maior valor da série histórica iniciada em 2006. A maior contribuição veio do etanol (anidro e hidratado) que contribui para mitigar mais de 65 milhões de toneladas de CO2 (MtCO2).
Os dados são da nota técnica Análise de Conjuntura dos Biocombustíveis 2024, elaborada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
O documento que serve de subsídios para orientar políticas e estratégias do governo brasileiro para o setor chega no contexto da aprovação da lei do Combustível do Futuro, RenovaBio sob pressão e discussão de caminhos para descarbonizar a matriz de transportes no Plano Clima.
O consumo de etanol hidratado foi recorde, com 23,6 bilhões de litros. O que evitou a emissão de 30,8 MtCO2.
De acordo com a EPE, o recorde na produção (36,83 bilhões de litros) e os estoques elevados ajudaram a impulsionar a demanda recorde pelo hidratado, que se manteve competitivo ao longo de todo o ano passado.
A diferenciação tributária também foi um instrumento de fomento ao consumo do combustível renovável. Aplicada desde junho de 2024, a alíquota ad rem para gasolina + etanol anidro colaborou para a competitividade do etanol em relação ao combustível fóssil.
Sua concorrente, a gasolina C, fechou o ano com 44,7 bilhões de litros. Foi o maior consumo total de combustíveis do ciclo Otto dos últimos 10 anos e o biocombustível ajudou a mitigar as emissões associadas a esse crescimento.
Como a gasolina C é composta de 27,5% de etanol anidro, o biocombustível evitou que 34,5 MtCO2 fossem lançadas à atmosfera. Recorde também no biodiesel
Foi um ano recorde também para o consumo de biodiesel, que chegou a cerca de 9 bilhões de litros em 2024, ante 7,5 bilhões de litros em 2023. Assim como o anidro, a demanda deste biocombustível é ditada pelo percentual de mistura obrigatória ao diesel.
Em março de 2024, o mandato de adição de biodiesel subiu de 12% para 14%, aquecendo a demanda pelo produto derivado de óleos vegetais. O que refletiu também nas emissões: o uso de biodiesel evitou 26,8 MtCO2 em 2024. No ano anterior, a contribuição tinha ficado em 21 MtCO2. A bioeletricidade foi responsável pelos outros 2 MtCO2 evitados.
Reduzindo a intensidade de carbono
A intensidade média de carbono da matriz de transporte rodoviário brasileiro deve cair de 72 para 65,5 gramas de CO2 equivalente por megajoule (gCO2eq/MJ) entre 2022 e 2034 — uma redução de quase 10%, segundo estimativas da EPE.
Em junho, a empresa de pesquisa antecipou projeções de como os biocombustíveis podem contribuir para as metas do programa Mover (Mobilidade Verde), conduzido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
A projeção é que veículos leves reduzam sua intensidade de carbono de 64,7 para 57,4 gCO2eq/MJ até 2034. Já nos veículos pesados, a queda estimada é de 81 para 74,7 gCO2eq/MJ.
Fonte: Eixos