
Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/USP), a receita gerada com biodiesel no primeiro trimestre de 2025 chegou a R$ 17,8 bilhões. Isso representa um aumento de quase 67% em relação ao mesmo período de 2024. Com informações da Scot Consultoria.
Considerando toda a cadeia da soja e do biodiesel, a soma chega a R$ 820,9 bilhões, e o biodiesel representa 2,17% desse valor. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) nacional, o setor da soja e do biodiesel juntos correspondem a 6,4%, e o biodiesel responde por cerca de 0,14% do total do PIB do Brasil.
O que está por trás do aumento
Esse avanço é puxado pelo aumento no consumo de biodiesel, que bateu recordes em julho e agosto deste ano, com vendas de 902,3 mil e 896,7 mil metros cúbicos, respectivamente. Esses números são 6,3% e 7% maiores do que os registrados nos mesmos meses de 2024. No acumulado de janeiro a agosto, as vendas somaram 6,3 milhões de metros cúbicos, uma alta de 6,4% no comparativo anual.
A capacidade de produção do setor também cresceu, acompanhando a demanda. O preço do biodiesel no primeiro trimestre de 2025 subiu 57,88% em relação ao ano anterior, o que também contribuiu para o aumento da receita.
Na parte agrícola, cada tonelada de soja gera um valor de PIB estimado em R$ 2.160,00. Quando essa soja é processada na indústria, o valor salta para R$ 7.269,00 por tonelada. Isso significa que o processamento multiplica por mais de quatro vezes o impacto econômico da soja em comparação com sua exportação direta.
Sustentabilidade ambiental
O biodiesel também se destaca por seus benefícios ao meio ambiente. Estudos mostram que ele emite muito menos gases do efeito estufa do que o diesel comum. De acordo com o modelo GREET 2024, a emissão de dióxido de carbono equivalente do biodiesel de soja é cerca de 80% menor que a do diesel tradicional.
Quando se leva em conta a chamada mudança no uso da terra (quando áreas são convertidas para cultivo), essa redução pode variar entre 66% e 72% para o biodiesel de soja, ainda representando uma melhora significativa em relação ao diesel fóssil.
Estudos feitos no Brasil mostram que o biodiesel nacional 100% puro (B100) emite entre 23,1 e 25,8 g CO₂e por megajoule, o que representa uma redução de até 72% em relação ao diesel europeu de referência.
Além disso, o uso de biodiesel pode diminuir a poluição do ar, com redução de material particulado (entre 18% e 35%), monóxido de carbono e hidrocarbonetos. Já os óxidos de nitrogênio (NOx) podem variar dependendo do motor e do tipo de teste, podendo até apresentar aumento em alguns casos. Mesmo assim, os ganhos para a saúde pública são relevantes, especialmente com veículos modernos e combustível de melhor qualidade.
Impacto social
No lado social, o setor do biodiesel empregava 17,2 mil pessoas no primeiro trimestre de 2025, um crescimento de 1,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em termos de geração de empregos, o processamento de mil toneladas de soja cria cerca de 21 postos de trabalho diretos e indiretos, enquanto a exportação direta do grão gera apenas 6,4 empregos. Isso mostra que a industrialização gera mais empregos no país.
Perspectivas para o setor
A expectativa para o mercado de biodiesel continua positiva. Desde agosto de 2025, passou a valer a nova mistura obrigatória de 15% de biodiesel no diesel (B15), o que ajuda a manter a demanda estável e incentiva novos investimentos. A previsão é que a produção cresça pelo menos 7% neste ano em comparação a 2024, o que representaria um acréscimo de cerca de 220 mil metros cúbicos.
Se essa projeção se confirmar, 2025 será o ano com maior volume de produção e vendas de biodiesel já registrado.
Atualmente, o Brasil conta com 1.856 unidades, incluindo refinarias e terminais, com uma capacidade total de armazenagem de 45,6 milhões de metros cúbicos de biocombustíveis. Isso mostra que o país está preparado para atender à demanda crescente.
O biodiesel vem se consolidando como peça-chave no aproveitamento de oleaginosas, contribuindo para o crescimento econômico, a geração de empregos e a preservação ambiental.
Fonte: Meio News