Por Silvio Roman*
O Brasil está perto de dar um importante passo rumo ao desenvolvimento sustentável dos biocombustíveis no país. O diesel tem em sua composição 14% de biodiesel, desde o início deste mês de março. O aumento de 2% da mistura ao combustível não só agrega valor ao produto, como traz benefícios sociais, econômicos, ambientais e impactos positivos à saúde pública.
As recentes definições do governo são um alento para os setores do biodiesel e do agronegócio –que vislumbram aquecimento dos negócios– e abrem o caminho para o país protagonizar globalmente uma transição energética que percebe o uso de combustíveis limpos e renováveis como uma alternativa para a diminuição da emissão de gases de efeito estufa, responsáveis pelas mudanças climáticas que têm impactado o planeta.
O biodiesel é um dos setores com forte potencial para colocar o Brasil na liderança da transição energética. A indústria está preparada para atender aos mercados nacionais e internacionais porque tem:
*estrutura de mais de 60 usinas;
*capacidade de produção de 14,3 bilhões de litros de combustível por ano; parque fabril ávido para ampliação;
*matéria-prima farta;
*e políticas públicas convergentes à demanda global de descarbonização.
Destaca-se ainda que o setor já estava coordenado para atuar em 2023 com 15% de biodiesel ao óleo diesel. Entretanto, uma resolução do governo de 2018 foi revisada em virtude da crise sanitária de covid-19, alterando a trajetória socioeconômica. Só em 2023 voltou-se a ter avanços que, hoje, permitem ao setor seguir com mais confiança.
As expectativas são positivas para os próximos 2 anos. Os percentuais de 14% de biodiesel ao diesel em 2024, e 15% em 2025, vão movimentar a economia. São esperados impactos na cadeia produtiva dos biocombustíveis e do agronegócio.
O biodiesel é, hoje, um importante estimulador da criação de empregos. Com as novas diretrizes, a expectativa é de bons resultados para a sociedade e para os pequenos produtores que fornecem insumos às empresas do setor.
O ano de 2023 foi a retomada da categoria. O aumento de 10% para 12% da mistura proporcionou a entrega de 7,34 bilhões de litros de biodiesel e um crescimento de 19,4% em comparação a 2022. Para 2024, o governo projeta números mais animadores: 8,9 bilhões de litros produzidos, um incremento de 22% da produção em relação a 2023. O mercado está confiante, mas não podemos perder de vista que o setor de energia necessita de planejamento de longo prazo para projetar investimentos.
Para seguir em curva ascendente em biocombustíveis, é preciso cronograma, diretrizes e políticas públicas com olhar de futuro. Essas definições são essenciais para o país assumir a liderança na transição energética.
O Brasil tem uma rica matriz e, nesse cenário, os biocombustíveis assumem papel crucial para o país ser protagonista da redução do uso de combustíveis fósseis e da diminuição da emissão de gases de efeito estufa.
O caminho para o protagonismo do Brasil na transição energética está aberto. Daqui a 10 anos, o setor projeta ser referência mundial em biocombustíveis, com práticas e políticas econômicas, sociais e ambientais benéficas à sociedade. Que o país seja exemplo em diminuição da poluição, melhoria da qualidade do ar, aumento de emprego e renda e benefícios à saúde pública para todo o planeta.
*Silvio Roman, 47 anos, é diretor de Biodiesel do Grupo Delta Energia, onde atua no desenvolvimento estratégico de mercado e gestão das usinas de biodiesel localizadas em Cuiabá (MT) e Rio Brilhante (MS). Graduado em direito pela Unoeste com pós-graduação em gestão empresarial pela Salesiano de Lins, também é diretor do Conselho Administrativo da Aprobio (Associação dos Produtores de Biodiesel).
Fonte: Poder 360