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DE OLHO NO BIODIESEL BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (24 a 28/02/2025)
O principal fato da semana foi a rejeição, pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do pedido do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) para suspender a mistura obrigatória de 14% de biodiesel ao diesel por 90 dias. Segundo a ANP, a suspensão da mistura afetaria toda a indústria e exigiria um aumento de 60% nas importações de diesel em comparação ao mesmo período de 2024, com necessidade de mais de 2 bilhões de litros adicionais para manter o abastecimento.
A decisão, anunciada em 27 de março de 2025, também proibiu a comercialização de biodiesel entre distribuidoras congêneres entre 1º de maio a 31 de dezembro de 2025, prática que representou 4,3% das operações e 384 milhões de litros comercializados no ano anterior. A medida visa combater fraudes como a dos “estoques virtuais” e das “bionotas”, onde empresas simulam vendas entre elas e emitem notas fiscais falsas. Além disso, a ANP determinou a publicação de dados detalhados sobre a comercialização do biocombustível, com a discriminação do distribuidor e produtor de cada fluxo do produto, para dar mais transparência para o mercado.
A consultoria AgRural reduziu sua estimativa para a safra brasileira de soja 2024-2025 para 165,9 milhões de toneladas, um corte de 2,3 milhões de toneladas em comparação à previsão de fevereiro, principalmente por causa da quebra de safra no Rio Grande do Sul, onde a produção foi revisada para 15 milhões de toneladas – 3 milhões a menos que o previsto anteriormente em função do clima quente e seco persistente.
Apesar dessa redução, o Brasil ainda deve alcançar uma safra recorde, graças ao desempenho excepcional do Mato Grosso, que teve sua estimativa elevada para 49,5 milhões de toneladas, superando a Argentina como produtor, e de Goiás, que ultrapassou o Rio Grande do Sul como terceiro maior produtor brasileiro com 20,1 milhões de toneladas. A colheita já atingiu 77% da área cultivada, acima dos 69% do mesmo período do ano anterior e da média histórica de 67%.
Os preços da soja apresentaram volatilidade na Bolsa de Chicago (CBOT), com queda inicial seguida de leve recuperação ao longo da semana. O mercado aguarda as divulgações do USDA em 31 de março sobre intenção de plantio e estoques trimestrais, com expectativa de redução na área plantada nos EUA para 2025, o que pode sustentar os preços.
No Brasil, as cotações variaram regionalmente: no Rio Grande do Sul, a soja estava em R$ 136,50 no porto e R$ 133,00 nas fábricas do interior; em Santa Catarina, R$ 131,72 no porto de São Francisco; no Paraná, R$ 133,90 em Paranaguá e valores entre R$ 124,91 e R$ 127,58 no interior; no Mato Grosso do Sul, R$ 117,77 em diversas regiões; e no Mato Grosso, preços estáveis em torno de R$ 110,00, refletindo as diferentes condições de oferta e demanda em cada região.
O contrato de maio/25 de óleo de soja negociado na Bolsa de Chicago fechou em 45,16 cents/libra na sexta-feira, uma variação de 7,5% na semana, enquanto o prêmio de maio/25 do óleo de soja em Paranaguá perdeu 100 pontos, fechando a semana em 0,90 cents/libra. Desta forma, o flat price do óleo de soja FOB Paranaguá registrou uma valorização de 4,9%, fechando a semana a US$ 1.015/ton.

Segundo levantamento da SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel na semana movimentou um volume de 4.075 m³ na semana, uma redução de 25,9% em relação à semana anterior, registrando um preço médio de R$ 5.411/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS (-1,3%).

Segundo a ANP, as distribuidoras venderam 5,22 milhões de m³ de diesel no mês de fevereiro, uma redução de 1,35% em relação ao mês anterior, porém 3,0% acima, se comparado com o mesmo período do ano passado. Para atender a essa demanda, as usinas de biodiesel produziram 697,57 mil m³ em fevereiro, 8,4% acima do mês anterior e 9,58% em relação ao ano passado. A participação do óleo de soja nas matérias primas utilizadas na produção subiu de 71,3% para 74,8% em fevereiro. As usinas vendaram 720,93 m³ de biodiesel em fevereiro, 3,3% acima do mês anterior e 13,0% em relação ao ano passado.
Outro fato marcante da semana foi a recomendação da Advocacia-Geral da União (AGU), de que as punições mais severas para distribuidoras inadimplentes no programa RenovaBio sejam aplicadas apenas a partir de 2026, permitindo que as empresas tenham até o final de 2025 para regularizar suas obrigações. Entre as novas sanções estão o aumento do valor máximo das multas de R$ 50 milhões para R$ 500 milhões, a possibilidade de cassação de autorizações para operar, a proibição de comercialização com produtores e importadores, além da inclusão do descumprimento das metas no rol de crimes ambientais, com pena de até três anos de prisão, enquanto muitas distribuidoras buscam na Justiça adiar essas sanções.
Segundo o levantamento realizado entre 10 e 16 de março pela ANP, o preço médio negociado entre usinas e distribuidores ficou em R$ 5.760,56, renovando a mínima para o ano de 2025, com uma leve redução de 0,6% em relação ao valor médio da semana anterior. Apenas a Região Sudeste apresentou variação positiva (1,2%), enquanto a Região Norte registrou a maior desvalorização (-2,8%). O mercado acumula no ano uma redução de 9,0%.