Alta Mogiana vê etanol de milho como vetor de previsibilidade e cobra segurança jurídica no RenovaBio


O RenovaBio “passa por um momento de inflexão, mas com fundamentos sólidos para continuar crescendo”. A avaliação é de Luiz Gustavo Junqueira, diretor comercial da Alta Mogiana, no painel “RenovaBio em ponto de inflexão: como maximizar valor e mitigar riscos” da Conferência NovaCana 2025, realizada nesta segunda e terça-feira (15 e 16), na capital paulista. O executivo reforçou apoio ao programa, condicionando sua maturação a mais segurança jurídica, transparência e isonomia competitiva entre os elos da cadeia.

“O objetivo principal do RenovaBio é descarbonizar a matriz energética brasileira ao menor custo e com a menor volatilidade possíveis. Por essa ótica, estamos entregando valor à sociedade”, disse. Junqueira atribui a queda estrutural de custos e de volatilidade ao avanço do etanol de milho, cuja produção, segundo ele, cresce acima de 25% ao ano e normaliza a curva safra/entressafra, reduzindo a dependência da cotação do açúcar. “Produtor precisa acordar para a revolução do etanol de milho”, afirmou.

Em tom direto ao investidor, o executivo delineou a estratégia das usinas de cana no ciclo 2025–2035: “Não contem conosco para aumentar a produção de etanol nos próximos 10 anos; não há margem. Açúcar e cogeração de energia são o foco.” Segundo ele, o etanol de cana permanece relevante, mas “deixa de ser protagonista” frente à competitividade do milho.

Segurança jurídica e isonomia como gatilhos de valor

O principal “calcanhar de Aquiles” segue sendo a judicialização e a adesão parcial de alguns agentes às metas de CBIO. “Não é razoável parte da distribuição cumprir obrigações enquanto outra parcela recorre a liminares; isso mina a credibilidade do programa.” Junqueira vê regras mais rígidas do Ministério de Minas e Energia (MME) como passo na direção correta, com potencial de reduzir inadimplência e dar previsibilidade. Criticou ainda políticas de incentivo fiscal permanentes em alguns Estados: “Fazem sentido em indústrias nascentes, não como regra perene; precisamos de competição justa”.

O dirigente enumerou três avanços desde o lançamento: 60% da receita de CBIO repassada a fornecedores de cana, irrigando renda no campo; crescimento do etanol de milho mitigando choques de preço e suavizando a volatilidade e endurecimento regulatório que induz disciplina comercial entre contrapartes.

Para os próximos anos, a Alta Mogiana projeta produção e consumo de gasolina relativamente estáveis, com o market share do etanol crescendo no ciclo Otto, alinhado à filosofia do RenovaBio. A produção contratada de etanol de milho deve garantir metas e reduzir a volatilidade de preços. Junqueira vê como “positiva” a eventual volta da Petrobras como player na produção de etanol e SAF, adicionando escala e robustez ao programa.

Apesar das críticas a pontos específicos, o executivo mantém a leitura construtiva: “Defendemos o RenovaBio. O programa evoluiu desde que foi lançado e seguirá mais forte à medida que segurança jurídica e aderência plena às metas avançarem. O foco é descarbonizar com custo e volatilidade menores — e é isso que a expansão do etanol de milho está viabilizando”, afirmou.

Fonte: Cana Online