Açúcar recua no mercado interno e internacional, mas etanol reage com alta em São Paulo

Exportação de açúcar brasileiro – Foto: Ascom Porto de Maceió

Os preços do açúcar cristal branco registraram nova queda no mercado spot de São Paulo na última semana, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP). O Indicador CEPEA/ESALQ variou entre R$ 115 e R$ 116 por saca de 50 kg, com média de R$ 116,17/sc entre os dias 13 e 17 de outubro, representando recuo de 1,01% em relação à semana anterior (R$ 117,36/sc).

Pesquisadores explicam que, entre os tipos de açúcar cristal negociados, apenas o Icumsa 150 manteve estabilidade de preços. Já o Icumsa 180 registrou queda, reflexo do acúmulo de estoques em algumas usinas. Além disso, expectativas de excedente global do adoçante na safra 2025/26 têm pressionado as cotações internas.

Cotações internacionais também recuam com foco na valorização do real

O mercado global do açúcar iniciou a semana em baixa. Na Bolsa de Nova Iorque, os contratos futuros apresentaram quedas nesta terça-feira (21):

  • Março/26: 15,58 cents de dólar por libra-peso (-0,89%)
  • Maio/26: 15,08 cents (-0,85%)
  • Julho/26: 14,94 cents (-0,80%)
  • Em Londres, o açúcar branco também recuou, com o contrato dezembro/25 cotado a US$ 442,70 por tonelada, baixa de 0,94%.
  • Na véspera, os preços haviam subido impulsionados pela valorização do real frente ao dólar e pelo aumento da demanda chinesa. O fortalecimento da moeda brasileira reduziu a atratividade das exportações e deve aumentar a oferta no mercado interno.
  • A China continua sendo um fator de influência importante: suas importações de açúcar cresceram 36% em setembro frente ao mesmo mês do ano anterior, alcançando 550 mil toneladas.
  • Etanol reage com alta após seis semanas de queda
  • Enquanto o açúcar enfrenta pressão nas cotações, o etanol hidratado apresentou alta após seis semanas consecutivas de retração. O Indicador CEPEA/ESALQ do produto fechou em R$ 2,7365 por litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), elevação de 0,77% entre 13 e 17 de outubro.
  • De acordo com o Cepea, a recuperação foi sustentada por aumento na demanda, sobretudo por parte de distribuidoras independentes e de grande porte, e pela oferta limitada em função das chuvas que interromperam atividades agrícolas e industriais. Além disso, vendedores mais cautelosos, atentos aos estoques, apostaram em preços mais altos.

A proximidade do encerramento da safra 2025/26 na região Centro-Sul também influenciou o movimento de alta. Já o etanol anidro teve leve queda de 0,15%, com o Indicador CEPEA/ESALQ cotado a R$ 3,1079 por litro (líquido de impostos).

Perspectivas para o setor sucroenergético

Com o excedente global de açúcar previsto para 2025/26 e a volatilidade cambial influenciando os preços internacionais, o setor sucroenergético deve manter atenção redobrada ao equilíbrio entre exportações e mercado doméstico.

O movimento recente de valorização do real e o desempenho do etanol indicam cenário misto para o curto prazo, com ajustes pontuais nos preços e maior participação do produto nas vendas internas.

Por Portal do Agronegócio

Fonte: Jornal do Vale