Por Rafael Walendorff
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho), Paulo Bertolini, cobrou mais incentivos e disponibilidade de recursos para investimentos em armazenagem no país. Ele disse que o déficit de estocagem de grãos gera prejuízos ao longo de toda cadeia produtiva e insegurança alimentar.
“São 120 milhões de toneladas de grãos que não tem lugar para ser armazenados. O milho sofre muito com isso, pois se produz muito por hectare e é carente na questão logística, precisa de um pós-colheita eficiente. Isso demanda de investimento em armazenamento e infraestrutura”, afirmou durante painel no Congresso Abramilho, em Brasília.
“Precisamos avançar nisso. Ainda estamos beirando 16% [da capacidade de armazenagem das safras nas fazendas], com déficit de 120 milhões de toneladas. Isso gera prejuízos ao longo da cadeia e insegurança alimentar”, completou Bertolini, que também é presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Cseag/Abimaq).
Bertolini disse que o Plano Safra precisa ser “mais agressivo” nessa área. “O Plano Safra tem que mudar a data, ele não cria previsibilidade nem conexão de um ano agrícola com outro (…) O Congresso Nacional precisa discutir quanto que vai investir na agricultura. Ter R$ 11 bilhões de subvenção é muito pouco para tocar a agropecuária brasileira do tamanho que ela está hoje”, apontou.
“E subvenção não é dinheiro doado. É investimento que retorna na forma de emprego, renda, segurança alimentar”, destacou. Bertolini salientou a preocupação com a possível falta de recursos para equalização de juros no próximo Plano Safra 2024/25, por conta de gastos extras do orçamento com atuais prorrogações de dívidas do setor.
“Nos preocupa muito as medidas de prorrogação de vencimentos para não entrar no próximo plano com valor negativo. Tudo que está sendo aplicado nesse momento vai buscar o recurso do Plano Safra do ano que vem. O socorro é necessário e fundamental, mas que não prejudique o futuro Plano Safra”, disse.
O presidente da Abramilho também cobrou reforço no seguro rural. “O primeiro ponto é ter dinheiro. O modelo já existe, funciona, mas não tem dinheiro. Precisamos tornar o seguro uma coisa mais robusta, condizente com o tamanho da necessidade da agricultura brasileira”, afirmou no evento. “Precisamos trazer o seguro rural e o Plano Safra para o orçamento federal”, disse. “Estamos confiantes no convencimento do Ministério da Agricultura. Falamos também com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre importância do Plano Safra e de fazer esse investimento, que tanto é importante”, concluiu.
Fonte: Globo Rural