
Por Bruno Teles
Com investimento de R$ 1,1 bilhão, a parceria Agrojem, ACP Bioenergia e Czarnikow cria em Miranorte (TO) um polo de etanol de milho com foco em sustentabilidade e desenvolvimento regional.
O projeto Tocantins Bioenergia surge como uma iniciativa transformadora no cenário agroindustrial e de energias renováveis do Brasil. Com um investimento estimado em R$ 1,1 bilhão, a usina de etanol de milho em Miranorte, Tocantins, é fruto de uma parceria estratégica entre a Agrojem, a ACP Bioenergia e a trading inglesa Czarnikow.
Prevista para iniciar operações em 2027, a planta processará 500.000 toneladas de milho anualmente, produzindo 220 milhões de litros de etanol, além de coprodutos valiosos. Este empreendimento pioneiro visa impulsionar a economia local e consolidar o Tocantins como um novo polo na crescente indústria de etanol de milho do país.
O projeto Tocantins Bioenergia e seus objetivos
Idealizado em 2020 por José Eduardo Motta, da Agrojem, o projeto Tocantins Bioenergia visa industrializar a crescente produção de milho do Tocantins. Os objetivos incluem a produção de etanol de milho, o coproduto DDGS (usado em ração animal), óleo de milho, geração de energia elétrica e a emissão de créditos de descarbonização (CBios).
Miranorte foi escolhida estrategicamente devido à infraestrutura preexistente da Agrojem e ao acesso facilitado ao milho na região do Matopiba. A usina processará 500.000 toneladas de milho por ano, produzindo 220 milhões de litros de etanol, 152.000 toneladas de DDGS e 10.000 toneladas de óleo de milho. A pedra fundamental está agendada para 12 de maio de 2025, com início das operações previsto para 2027.
A parceria estratégica por trás da usina de etanol de milho no Tocantins
O sucesso do projeto Tocantins Bioenergia se apoia na complementaridade de seus parceiros:
Agrojem: Com 50% de participação, lidera a iniciativa. Fornecerá cerca de 70% do milho e utilizará 50% do DDGS em seu confinamento de gado.
ACP Bioenergia: Detendo cerca de 35%, aporta mais de 33 anos de experiência no setor sucroenergético e operações de grãos no Tocantins.
Czarnikow: Com até 15%, a trading inglesa é responsável pela estruturação financeira e comercialização global do etanol de milho e outros produtos.
Essa união estratégica visa mitigar riscos e otimizar a cadeia produtiva, desde a matéria-prima até o mercado consumidor.
Impacto socioeconômico e sustentabilidade na produção de etanol de milho
O projeto Tocantins Bioenergia promete um impacto socioeconômico substancial. Estima-se a geração de mais de 1.200 empregos diretos na construção e aproximadamente 630 empregos diretos na fase operacional. A arrecadação anual de impostos estaduais é projetada em mais de R$100 milhões.
O empreendimento conta com incentivos fiscais do governo do Tocantins pelo programa Proindústria e está alinhado com a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), permitindo a geração de CBios. O projeto também enfatiza a valorização integral da matéria-prima e o compromisso dos parceiros com práticas ESG (ambientais, sociais e de governança).
Tocantins e o crescimento do etanol de milho na matriz energética brasileira
A produção de etanol de milho está em franca expansão no Brasil, complementando a produção de etanol de cana. O Tocantins surge como um novo polo promissor, com vantagens como logística ferroviária e acesso ao mercado do Nordeste.
A região do Matopiba tem projeções de aumentos significativos na produção de grãos, assegurando matéria-prima. A Tocantins Bioenergia, junto a outros projetos como o da COAPA em Pedro Afonso, sinaliza a consolidação do estado como um importante produtor de etanol de milho.
A expansão da Tocantins Bioenergia
O projeto já vislumbra uma Fase Dois, com planos de dobrar a capacidade de processamento de milho e produção de etanol até 2035. Contudo, o setor enfrenta desafios como a volatilidade de mercado, restrições logísticas em fronteiras agrícolas e possíveis mudanças regulatórias.
Para o sucesso de longo prazo da Tocantins Bioenergia, serão cruciais a gestão operacional eficiente, o fornecimento estável de milho, a comercialização eficaz dos produtos e um ambiente regulatório favorável. A iniciativa é um passo importante para a industrialização do agronegócio tocantinense e para o Brasil como líder em energias renováveis.
Fonte: CPG