Prosperidade do setor de açúcar e álcool está em curso e de olho na sustentabilidade

Usina de etanol da Raízen, em Piracicaba — Foto: Divulgação

Reportagem do jornal Estadão traz uma entrevista com Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) sobre o momento profícuo do setor sucroenergético no Brasil. O destaque está na contramão, comparado a outros setores, que a indústria da cana-de-açúcar vem percorrendo, nos últimos 10 anos e que pode ser tomada como exemplo de neoindustrialização.

Atualmente são 345 unidades produtoras em todo o Brasil, com maior concentração no Centro-sul do País. No ciclo de abril de 2023 a março de 2024, correspondente à safra da cana, o setor sucroenergético gerou US$ 19,8 bilhões em divisas, ocupando a quarta posição na pauta de exportações do agronegócio.

Conforme dados levantados pela UNICA, o valor bruto movimentado pela cadeia supera US$ 100 bilhões, com um Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente US$ 40 bilhões, equivalente a cerca de 2% do PIB brasileiro.

Rodrigues elenca alguns fatores que propiciaram alcançar o atual cenário,  como a  política de precificação, que passou a ser balizada pelo preço do óleo internacional, o que deu mais previsibilidade para o setor. “Na sequência, em 2017, tivemos a publicação da Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio, que funcionou a partir de 2020, passando a permitir a venda de créditos de descarbonização (Cbios) gerados pela cana-de-açúcar. É um crédito pequeno, mas estabeleceu uma meta importante de redução nas emissões de gases de efeito estufa”, afirmou.

Tanto os programas de governo com vistas às metas do Acordo de Paris, quanto medidas tomadas pelo setor vêm inovando também no âmbito da sustentabilidade. O programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), por exemplo, é uma iniciativa para incentivar a indústria automotiva a atingir metas de descarbonização da frota, traz um ponto fundamental para o setor.

A digitalização da agricultura trouxe benefícios com a redução do uso de defensivos. Drones ajudam a monitorar áreas de plantio e aplicação pontual de defensivos. “Algumas usinas mantêm projetos voltados para a proteção das abelhas, de forma a garantir a convivência de apiários e produtores de mel com a produção agrícola”, afirma o executivo da UNICA. Esses insetos são responsáveis pela polinização de mais de 90% das plantas nativas e 75% das lavouras, assegurando a conservação da biodiversidade e segurança alimentar.

Íntegra da matéria: Estadão (para assinantes)