Ampla reportagem do jornal Folha de S.Paulo traz pesquisa da Climate Policy Initiative (CPI) sobre os índices de investimento no âmbito climático entre 2021 e 2022. No relatório apresentado pelo grupo de pesquisa, apenas 14% do total de investimentos em finanças climáticas no período foram para países emergentes. Outra revelação do estudo é que esses aportes vêm de bancos de desenvolvimento com vistas à transição energética.
No contexto brasileiro, por exemplo, a reportagem cita maiores riscos a investidores, plano ambiental incipiente e atrasos nos parâmetros regulatórios, além de pouca margem fiscal para subsídios. Mesmo assim, no país, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é a instituição que mais financiou projetos de energia renovável no mundo desde 2004, de acordo com a BNEF, organização de pesquisas da Bloomberg.
Esses riscos, sob o ponto de vista dos fundos de investimento, reduzem aportes e atrasam os processos. Há muito capital institucional nas economias ocidentais que, por razões regulatórias, não podem ser investidos em economias emergentes, por causa dessas análises de risco. “Não são decisões de organizações individuais, essas são regulamentações impostas, presumivelmente para proteger poupadores ou pensionistas. Mas precisamos encontrar maneiras de desbloquear isso”, diz Erik Berglof, economista-chefe do AIIB, banco multilateral de desenvolvimento comandado pela China e do qual o Brasil é membro.
Na semana passada, o banco aprovou o novo Fundo Clima, que terá até R$ 10,4 bilhões para financiar medidas de combate às mudanças climáticas. Parte desse recurso vem da captação de US$ 2 bilhões no exterior com títulos soberanos sustentáveis lançados pelo Ministério da Fazenda.
Mesmo que ainda insuficientes, 67% dos investimentos climáticos provenientes dessas instituições financeiras de desenvolvimento nacionais e bilaterais foram destinados a países emergentes. Na mesma linha, 45% dos investimentos dos bancos multilaterais de desenvolvimento foram para países emergentes. O levantamento aponta que 67% dos investimentos climáticos de instituições financeiras de desenvolvimento nacionais e bilaterais foram para mercados emergentes, com quase todo esse valor permanecendo no país de origem ou sendo destinado a outros emergentes.
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