A Califórnia (EUA) atingiu um marco importante ao substituir 50% do diesel usado no estado por combustíveis limpos no primeiro trimestre de 2023. A informação foi anunciada pelo Conselho de Recursos do Ar da Califórnia (CARB, da sigla em inglês para California Air Resources Board) no final do ano passado e destacada durante a Conferência de Combustíveis Limpos (Clean Fuels Conference), realizada no início de fevereiro em Fort Worth, no Texas (EUA).
De acordo com Dr. Steven Cliff, Diretor Executivo do CARB, “uma redução de 50% no diesel significa ar mais limpo, comunidades mais saudáveis e um compromisso de alcançar a neutralidade de carbono na Califórnia até 2045”.
Fio condutor dessa impressionante conquista é o Programa Padrão de Combustível de Baixo Carbono (LCFS, sigla em inglês para Low Carbon Fuel Standard) da Califórnia, política pública que foi uma inspiração para a nossa Política Nacional de Bicombustíveis (RenovaBio), que visa ampliar no Brasil a produção e o uso de biocombustíveis na matriz energética brasileira.
A intensidade de carbono para o programa LCFS é medida através da análise do ciclo de vida de um combustível que inclui todas as etapas desde a extração, transporte e produção.
O LCFS ajudou a substituir quase 7,4 bilhões de litros de diesel em 2022 por uma combinação de combustíveis mais limpos, incluindo diesel renovável, biodiesel, eletricidade e hidrogênio. Desde o início, o programa ajudou a substituir mais de 31,8 bilhões de litros de diesel.
Combustível do Futuro
O Projeto de Lei Combustível do Futuro (PL 4.516/2023) deve ser votado na Câmara dos Deputados em breve abrangendo um conjunto de ações direcionadas para a promoção do uso de biodiesel, etanol, biocombustíveis avançados, hidrogênio, biogás e biometano.
Para nós, neste momento, o LCFS é um exemplo da importância da definição de uma Política Pública para atrair investimentos, negócios e empregos e como ela ajudou a tornar a Califórnia líder no desenvolvimento e produção inovadoras de combustíveis limpos. A produção de diesel verde (HVO) e o bioquerosene de aviação (SAF) já são realidades que colocam os Estados Unidos 10 anos à nossa frente.
“A indústria de combustíveis limpos tem testemunhado um crescimento significativo nos últimos anos graças a um impulso global para reduzir as emissões de carbono e promover a sustentabilidade ambiental”, destacou Donnell Rehagen, CEO da Clean Fuels Alliance América, entidade da qual nossa empresa faz parte.
Ele apontou que os combustíveis limpos já devem representar até 60% do mercado na Califórnia. “Este crescimento é impulsionado pelo aumento dos investimentos, pelos avanços tecnológicos, pelas políticas e por uma consciência crescente da necessidade de alternativas com baixo teor de carbono”, analisou.
O LCFS é um dos vários programas desenvolvidos sob a AB32 – Lei de Soluções para o Aquecimento Global de 2006. Outros programas são ótimas referências para nosso setor automotivo e de transporte como:
o Cap-and-Trade (limite e comércio, em tradução livre), que estabelece um limite decrescente para as emissões permitidas no estado da California, exigindo que a indústria pague pela poluição produzida;
o Advanced Clean Trucks (caminhões limpos avançados)
e Advanced Clean Fleets (frotas limpas avançadas), que implementam uma transição gradual para vender e implementar tecnologia de caminhões limpos na Califórnia, em linha com a meta que exige que todos os veículos pesados que viajam no estado sejam zero emissões até 2045.
Em julho do ano passado, a CARB anunciou a Parceria de Caminhões Limpos com os principais fabricantes de caminhões do país, incluindo a Associação de Fabricantes de Motores e Caminhões e suas empresas membros, e a Ford Motor Company, que promove o desenvolvimento de tecnologia de caminhões com emissões zero, acrescentando ainda mais impulso à mudança para combustíveis de transporte mais limpos.
Às vésperas de decidir sobre o Projeto Combustível do Futuro, é sempre bom se inspirar na experiência avançada dos Estados Unidos, com a combinação bem-sucedida de Políticas Públicas com iniciativas e investimentos de produtores de biocombustíveis e a parceria com associações de fabricantes de veículos e montadoras, todos seguindo juntos para uma mesma direção.
Fonte: EPBR