MME e EPE publicam estudo que projeta avanço do SAF e consolidação de soluções de baixo carbono

Caminhão tanque para abastecimento de aeronave com 80% de SAF (Foto: Divulgação Airbus)

O OMinistério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) publicaram, nesta quarta-feira (17/12), o Caderno de Demanda Energética do Setor de Transportes do Plano Decenal de Expansão de Energia 2035 (PDE 2035). O estudo apresenta análises detalhadas sobre a evolução da atividade de transporte no Brasil e seus impactos na matriz energética ao longo dos próximos dez anos.

Para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o caderno demonstra como as decisões e ações adotadas no presente influenciarão diretamente a configuração futura da matriz de transportes do País. “O programa Combustível do Futuro, lançado em 2024, evidencia o papel central dos biocombustíveis na transição energética. Iniciativas como o E30, a evolução do biodiesel com o B15 e o Combustível Sustentável de Aviação (SAF) são instrumentos fundamentais para a redução de emissões, o fortalecimento da segurança energética e a geração de emprego e renda para brasileiras e brasileiros, assegurando o crescimento do setor de forma sustentável e alinhada aos compromissos de descarbonização do Brasil”, afirmou.

O estudo projeta que o óleo diesel B continuará sendo o principal energético do setor de transportes, alcançando 57,5 bilhões de litros em 2035, com crescimento médio de 1,9% ao ano. Embora a eletrificação avance em nichos específicos como o frete de última milha, sua participação no consumo total do setor ainda será modesta ao final do decênio. Nos veículos leves, observa-se redução gradual no consumo de gasolina C, em função do maior uso de etanol hidratado, da ampliação do transporte público e dos ganhos de eficiência veicular. Entre 2023 e 2035, o consumo de etanol hidratado cresce 5,3% ao ano, deslocando parcela da demanda potencial por gasolina.

No transporte aéreo, estima-se o crescimento do uso de Combustíveis Sustentáveis de Aviação (SAF, na sigla em inglês), em linha com metas do Programa da Organização da Aviação Civil Internacional (CORSIA, sigla em inglês) e do Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV), fortalecendo o movimento de descarbonização no setor. No ambiente aquaviário, combustíveis como biodiesel, GNL, amônia, hidrogênio e eletricidade passam a ganhar espaço, especialmente na segunda metade do período.

A demanda energética do setor de transportes deve alcançar 115 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep) em 2035, com o transporte rodoviário respondendo por 93% do consumo, impulsionada pelo crescimento econômico, com expansão média anual do PIB estimada em 2,8%, e pelo aumento da mobilidade da população.

No transporte de cargas, os caminhões permanecem como principal modal, com expansão de 2,8% ao ano, impulsionada pelo dinamismo do agronegócio, da indústria e da construção civil. Ao mesmo tempo, o estudo destaca o avanço do modo ferroviário, cuja malha deve crescer cerca de 20% ao longo do período, alcançando 36,9 mil km em 2035, o que eleva a atividade do segmento em 5,5% ao ano. O transporte aquaviário também registra evolução significativa, com crescimento de 3,2% ao ano, apoiado por investimentos em embarcações, estaleiros e portos, além do papel relevante da cabotagem associada ao escoamento de petróleo.

No segmento de passageiros, a atividade de transporte individual cresce 2,4% ao ano, acompanhada da elevação no licenciamento de veículos, que deve atingir 3,8 milhões de unidades em 2035. O estudo aponta expansão gradual da eletrificação da frota leve, especialmente nos grandes centros urbanos, embora o processo avance de forma relativamente lenta. Os veículos eletrificados representarão cerca de 6% da frota total ao final do período, enquanto os modelos flex fuel permanecerão predominantes, com aproximadamente 87% da frota nacional.

Paralelamente, os investimentos no transporte coletivo previstos no Novo PAC contribuem para o avanço de ônibus e sistemas sobre trilhos. A atividade dos ônibus urbanos cresce 3,7% ao ano entre 2023 e 2035, enquanto o transporte metroferroviário avança 3,6% ao ano, beneficiado pela entrada em operação do Trem Intermunicipal (TIM) e dos trechos do Trem Intercidades (TIC) em São Paulo.

Os resultados reforçam a importância do planejamento integrado entre infraestrutura de transportes, política energética e estratégias de descarbonização. O avanço de medidas mais eficientes, a ampliação da oferta ferroviária, os estímulos à eficiência energética e a adoção de combustíveis de baixo carbono são elementos centrais destacados pelo PDE 2035 para apoiar o desenvolvimento sustentável do setor de transportes no Brasil ao longo da próxima década.

Fonte: MME