México eleva tarifas sobre açúcar para proteger produtores locais

O governo do México anunciou um aumento expressivo nas tarifas de importação de açúcar, que podem chegar a 210% para países sem acordo comercial com o país. Segundo o Diário Oficial, a medida entrou em vigor nesta terça-feira (11), e busca conter a queda dos preços internacionais e proteger o setor açucareiro nacional.

As novas taxas abrangem o açúcar de cana, o refinado líquido, o de beterraba e os xaropes. Antes da mudança, o país aplicava uma tarifa fixa de cerca de US$ 0,36 por quilo sobre alguns tipos de açúcar importado, o que torna o novo patamar muito mais restritivo.

O Ministério da Agricultura anunciou que a decisão visa preservar empregos e incentivar a produção doméstica diante da sobreoferta global. O órgão afirmou que a medida está em conformidade com os compromissos internacionais do México e busca evitar distorções no comércio exterior.

O setor agrícola mexicano, que tem nas exportações de abacate e tomate seus principais pilares, enfrenta desafios com a queda dos preços do açúcar e a competição internacional. A nova política tarifária faz parte do “Plano México”, sob o comando da presidente Claudia Sheinbaum para fortalecer a indústria local e impulsionar o crescimento econômico.

Os aumentos tarifários afetam diretamente o Brasil e outros países sem acordos comerciais. O Brasil é um importante exportador de açúcar ao México. Enquanto isso, negociações comerciais estão ocorrendo entre México e Estados Unidos, antes da revisão do acordo de livre comércio USMCA, prevista para o próximo ano.

A economia mexicana tem mostrado sintomas de enfraquecimento, principalmente pelo impacto de tarifas intermitentes dos EUA sobre aço, automóveis e outros produtos fora do escopo do USMCA. No terceiro trimestre, o PIB registrou leve retração, aumentando os receios de uma recessão na segunda maior economia da América Latina.

Enquanto as negociações com Washington avançam, Sheinbaum adiou planos de impor tarifas mais altas sobre produtos chineses até dezembro, com resistência do setor privado e de aliados políticos, que alertam para o impacto nos custos de produção de empresas dependentes de insumos importados da China.

Por Fernanda Benatto

Fonte: ADVFN