
A Polícia Civil do Piauí deflagrou nesta quarta-feira a Operação Carbono Oculto 86, que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) por meio de postos de combustíveis no Piauí, Maranhão e Tocantins. Segundo reportagem do O Globo, 49 postos foram interditados e 17 mandados de busca e apreensão foram cumpridos também em São Paulo, onde está o núcleo financeiro da facção. As movimentações suspeitas somam cerca de R$ 5 bilhões.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), o grupo usava empresas de fachada, fintechs e fundos de investimento para ocultar recursos ilícitos e fraudar o mercado de combustíveis. Foram apreendidos imóveis, veículos, uma aeronave e ativos financeiros. As investigações ligam empresários locais a operadores financeiros já investigados na primeira fase da operação, deflagrada em São Paulo com apoio da Receita Federal e do Ministério Público.
O caso teve início após a venda da rede de postos HD, em dezembro de 2023, para a empresa Pima Energia e Participações, criada apenas seis dias antes do negócio. A polícia apontou inconsistências patrimoniais e alterações societárias suspeitas. Segundo o secretário de Segurança Pública, Chico Lucas, a operação é “um marco histórico”, pois revelou pela primeira vez a presença de um braço financeiro do PCC atuando no Nordeste.
As autoridades afirmam que o grupo estruturava uma rede de distribuição de combustível adulterado que atingia diversos estados do Nordeste, gerando prejuízos a consumidores, motoristas e concorrentes regulares. Entre os principais alvos estão Haran Santhiago Girão Sampaio, Danillo Coelho de Sousa, Denis Alexandre Jotesso Villani e Rogério Garcia Peres, suspeitos de integrar o esquema.
A primeira fase da Carbono Oculto, realizada em São Paulo em agosto, já havia revelado um esquema bilionário de lavagem de dinheiro da facção no setor de combustíveis. Na ocasião, mais de mil postos em dez estados foram identificados como parte da rede de lavagem. A Receita Federal estima que pelo menos 40 fundos de investimento, com patrimônio de R$ 30 bilhões, eram controlados pelo PCC para movimentar recursos ilegais por meio do mercado financeiro da Avenida Faria Lima.
Íntegra da matéria: O Globo