ABIOVE projeta safra recorde para o complexo soja em 2026


DE OLHO NO BIODIESEL BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (20/10 a 24/10/2025)

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) divulgou projeções recordes para o Complexo Soja em 2026, com produção estimada de 178,5 milhões de toneladas e esmagamento de 60,5 milhões de toneladas, resultando em 46,6 milhões de toneladas de farelo e 12,1 milhões de toneladas de óleo de soja. As exportações devem atingir patamares históricos com 111 milhões de toneladas de grãos e 24,6 milhões de farelo, enquanto o óleo de soja apresenta projeção de recuo de 25,9% para cerca de 1 milhão de toneladas, com importações do óleo devendo atingir 125 mil toneladas e de soja 500 mil toneladas para suplementar o mercado interno.

Os dados consolidados até agosto de 2025 mostram resultados positivos, com produção do ciclo atingindo 171,8 milhões de toneladas e esmagamento revisado para 58,5 milhões de toneladas, gerando 45,1 milhões de farelo e 11,7 milhões de óleo de soja. Em agosto, o processamento foi de 4,5 milhões de toneladas, redução de 3,3% no mês mas aumento de 4,2% anual ajustado, acumulando 35,1 milhões no ano – aumento de 5,8% na comparação com 2024. As exportações avançaram significativamente em 2025, com 109,5 milhões de toneladas de grãos, 23,6 milhões de farelo e 1,3 milhão de óleo de soja, enquanto as importações de soja somaram 900 mil toneladas para atender à demanda crescente.

Alinhado às expectativas positivas para 2026, o plantio da safra brasileira de soja 2025-2026 atingiu 24% da área prevista até a última quinta-feira (23/10), superando os 18% do ano passado, impulsionado por chuvas oportunas no Centro-Oeste onde a área plantada dobrou em uma semana, segundo a AgRural. Com a maior umidade, Mato Grosso ganhou ritmo acelerado e ultrapassou o Paraná pela primeira vez nesta safra, assumindo a liderança entre os estados produtores.

No mercado internacional de óleos vegetais, o óleo de palma encerrou a semana em US$ 1.043,4/t, com desvalorizações de 0,9% no dia e 1,5% no acumulado semanal, pressionado pela desaceleração do petróleo e dados que indicam possível desaceleração da demanda internacional e alta dos estoques malaios. As estimativas de embarques da Malásia para os 20 primeiros dias de outubro mostraram crescimento mais modesto, de 2,5% a 3,4% versus o mesmo período de setembro, sugerindo desaceleração em relação às projeções anteriores de 12,3% a 16,2% para os 15 primeiros dias.

Na Indonésia, o consumo de biodiesel cresceu quase 10% de janeiro a setembro, chegando a 10,6 milhões de m³ contra 9,6 milhões em 2024 devido ao B40, e a União Europeia propôs flexibilizações na lei de desmatamento, com entrada em vigor antecipada para 30 de dezembro de 2025 mas com documentação reduzida e prazos estendidos para verificações. Contudo, preocupações surgem com a política de confisco de terras pelo governo indonésio, com a estatal Agrinas já detendo 30% dos 5 milhões de hectares de cultivo, o que pode reduzir investimentos e produtividade já no fim de 2025, representando fator altista potencial para o médio/longo prazo.

Diferentemente da palma, que enfrenta questões estruturais de oferta, o óleo de soja operou com volatilidade durante a semana pressionado principalmente pelas indefinições sobre os RVOs nos Estados Unidos e incertezas quanto ao encontro entre Trump e Xi Jinping. Após Trump garantir na segunda-feira que o encontro ocorreria no final de outubro, ele posteriormente levantou dúvidas durante almoço com senadores republicanos, colocando em risco um dos principais fatores de suporte ao complexo soja. Adicionalmente, cresce a expectativa de que a decisão sobre os RVOs seja adiada além do final de outubro, podendo se arrastar até o final de 2025 ou início de 2026 devido ao shutdown do governo americano e aos extensos relatórios recebidos durante a consulta pública da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês).

Apesar das pressões, alguns fatores trouxeram suporte pontual ao óleo de soja durante a semana, como a projeção recorde da ABIOVE 2026, e a divulgação da geração de 660 milhões de RINs D4 em setembro pela EPA, o maior valor de 2025 embora ainda 14% abaixo de setembro de 2024. O governo japonês também anunciou pacote de compras de produtos americanos incluindo soja, oferecendo algum respiro à ausência de demanda chinesa, que não registrou nenhuma compra em setembro pela primeira vez desde novembro de 2018, enquanto o Brasil, com 85,2% do share, e a Argentina, com 9%, supriram as importações chinesas de 12,87 milhões de toneladas.

Refletindo essas dinâmicas internacionais, o contrato de dezembro/2025 do óleo de soja negociado na Bolsa de Chicago (CBOT, na sigla em inglês) encerrou em 50,27 cents/libra na sexta-feira (24/10), apresentando desvalorização de 1,68% na semana. O prêmio de dezembro/2025 do óleo de soja em FOB Paranaguá perdeu 10 pontos, fechando a semana em 0,00 cents/libra. O flat price do óleo de soja FOB Paranaguá fechou em US$ 1.108,26/ton, uma desvalorização de 1,87% em relação à semana anterior.

Elaboração: SCA Brasil

No levantamento realizado pela SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel teve um volume de vendas de 4.055 m³ na semana, crescimento de 56% em relação à anterior, com o destaque para o estado de Mato Grosso, com volume comercializado de 1.500 m³. O preço médio apurado na semana foi de R$ 6.070/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS, desvalorização de 2,0% em relação à semana anterior.

Elaboração: SCA Brasil

Segundo o levantamento realizado entre 13/10 e 19/10 pela ANP, o preço médio do biodiesel negociado entre usinas e distribuidores ficou em R$ 5.865,80, valorização de 1,16% em relação ao valor médio da semana anterior. As maiores valorizações foram nas regiões Nordeste e Centro Oeste, de 1,47% e 1,17% respectivamente. O mercado acumula uma redução de 7,33 % no ano.

Elaboração: SCA Brasil