
O mercado de etanol no Brasil apresenta um cenário desafiador para produtores e distribuidoras, combinando pressão de preços da gasolina e restrição na oferta de cana-de-açúcar para a próxima safra, segundo o relatório Agro Mensal da Consultoria Agro do Itaú BBA.
Preço do etanol registra leve alta, mas queda se aproxima
Em Paulínia (SP), o preço do etanol hidratado sem impostos ficou em R$ 2,82/L no período recente, com média mensal subindo 3%, para R$ 2,85/L. Apesar da alta nominal, o mercado observou queda no fim do mês, motivada pela redução dos preços internacionais de energia, em especial da gasolina.
Fontes do setor indicam que a gasolina no mercado interno, ao nível da refinaria, ainda possui espaço para redução entre 5% e 10%, pressionando os preços do etanol.
Restrição de oferta de etanol de cana impulsiona atenção do mercado
A safra 2025-2026 deve apresentar menor disponibilidade de cana-de-açúcar, impactando diretamente a produção de etanol. Mesmo com o aumento da oferta de etanol de milho, o volume adicional não é suficiente para compensar a queda do etanol de cana.
Esse cenário aponta para uma redução da competitividade do etanol na bomba, frente à gasolina, elevando a paridade de preços entre os combustíveis.
Comparação internacional reforça pressão sobre preços
O preço da gasolina internacional, convertido em reais, apresentou queda. O futuro da gasolina nos EUA (CME RBOB gasoline) estava cotado em R$ 2,62/L no início de outubro, enquanto a gasolina vendida pela Petrobras em Paulínia atingia R$ 2,85/L.
“Essa comparação não reflete a política de preços da Petrobras, mas serve como indicador da direção provável do mercado doméstico. Produtores de etanol devem acelerar vendas antes de eventuais ajustes de preços da gasolina”, destaca o relatório do Itaú BBA.
Estratégia de produtores e perspectivas para entressafra
Mesmo com fundamentos apertados no mercado de etanol, muitos produtores têm optado por reduzir estoques e antecipar vendas, diante da expectativa de possíveis quedas nos preços da gasolina nos próximos meses.
Caso o ajuste da gasolina não ocorra, a entressafra 2025-2026 pode apresentar potencial de valorização do etanol, especialmente considerando a restrição de oferta de cana-de-açúcar e a maior demanda por biocombustíveis.
Fonte: Portal do Agronegócio