Amaggi encerra parceria com Inpasa e construirá usinas de etanol sozinha

Com decisão, empresa espera ter vantagem tributária e aproveitar janela de mercado a tempo

Foto: Divulgação/Amaggi

Amaggi e a Inpasa não vão seguir em seus planos de formar uma joint venture para construir usinas de etanol de milho, mas isso não significa que as usinas não serão construídas. Conforme apurou a reportagem, a Amaggi avaliou que seria mais vantajoso seguir sozinha na empreitada ao invés de tocar o projeto por meio de uma nova empresa.

Amaggi continuará em caminho solo com o projeto de erguer uma usina de etanol de milho dentro de uma área sua em Rondonópolis (MT) – tanto que já entrou com pedido de licença de instalação da nova usina. Nos cálculos da companhia, se esse investimento fosse feito por meio de um joint venture, a empresa pagaria mais impostos do que se o negócio for feito dentro de um único CNPJ, de acordo com uma fonte próxima da companhia.

O investimento na planta de Rondonópolis, estimado em R$ 2,5 bilhões, contará com o benefício de ser em terreno próprio da Amaggi, contar com a matéria-prima da Amaggi, e até com a biomassa da Amaggi. A companhia possui cultivos florestais que poderão abastecer a unidade de cogeração de energia que moverá a nova indústria.

Também seguem nos planos da Amaggi a construção de outras usinas que foram discutidas com a Inpasa, como uma planta em Querência (MT) e Campo Novo do Parecis (MT), apurou a reportagem.

Pressa para aproveitar janela

A decisão segue a uma máxima “Se quiser ir rápido, vá sozinho”. Segundo uma fonte que acompanhou as tratativas, a constituição de uma nova companhia e a criação de uma estrutura de governança, com toda a necessidade de constituição de comitês de engenharia, de suprimentos, fiscal, entre outros, tomaria um tempo precioso na corrida da atual onda de investimentos em etanol de milho.

A visão das empresas é que a janela de expansão do etanol de milho que está aberta não deve durar por muito tempo, e que é preciso “correr contra o tempo” para erguer as novas plantas e colocá-las para funcionar — antes que o mercado passe por ajustes estruturais. “Para constituir esses comitês, levaria cinco a seis meses, e isso é tempo”, disse uma fonte a par das discussões.

A perspectiva que se avizinha é que o mercado de etanol ainda passará por um crescimento da demanda por volume, mas que os preços devem logo começar a passar por uma pressão, o que pode comprometer as margens do negócio. Dessa forma, a estratégia é apressar os investimentos e se colocar no mercado como operadores com baixo custo capazes de aproveitar uma eventual onda de consolidação que pode se seguir à atual fase de expansão, segundo essa fonte.

No comunicado conjunto que divulgaram nesta tarde, Amaggi e Inpasa afirmaram que “a decisão foi tomada após ambas as empresas concluírem que possuem visões distintas quanto à estrutura e à governança do projeto, optando por seguir caminhos próprios neste momento”. Segundo a nota, “o processo foi conduzido de forma transparente, colaborativa e com total alinhamento aos princípios de boa governança corporativa”.

As companhias disseram ainda no comunicado que “reafirmam o respeito e admiração mútua, e permanecerão abertas a avaliar futuras oportunidades de cooperação em áreas de interesse comum”.

O plano da Amaggi e da Inpasa era inicialmente construir em conjunto cinco usinas de etanol de milho, a um custo de R$ 2,5 bilhões cada, o que resultaria em um pacote de investimentos de R$ 12 bilhões. Procurada sobre a decisão ter se baseado em uma vantagem tributária, a Amaggi negou que a decisão tenha se baseado por causa de vantagens tributárias. A Inpasa não retornou até o momento.

Por Globo Rural

Fonte: Brasil Agro