Santander estudou mercado a termo de CBios por dois anos: “Possível baixa adesão”


A possibilidade da venda de créditos de descarbonização (CBios) ser feita em mercado a termo ou mercado futuro foi discutida durante o painel “RenovaBio em ponto de inflexão: como maximizar valor e mitigar riscos”, no primeiro dia da Conferência NovaCana, ocorrido nesta segunda-feira, 15.

Ambos os mercados representam opções para a negociação de ativos com entrega futura, mas com diferenças em relação à flexibilidade dos termos, à liquidação dos contratos e à frequência dos ajustes de preços.

A líder sênior da rede agro corporate do Santander, Caroline Perestrelo, detalha que o banco estudou as duas possibilidades por dois anos. “Nós discutimos no passado e, sem dúvida nenhuma, na teoria, sim [faria sentido]. Na prática, particularmente, acredito que teria pouco efeito por tudo o que vimos de possibilidade de especulação e baixa transparência”, relata.

Para Perestrelo, o mercado a termo só teria adesão com transparência e previsibilidade. Caso contrário, o trabalho para desenvolver esta opção não justificaria a possível baixa adesão das companhias.

“É interessante porque não se quer o especulador, mas um dos grandes pedidos de todos é que tenhamos parte não obrigada participando [do RenovaBio]. À medida que temos o não obrigado, se ele não tem valor na aposentadoria, ele tende a especular, como o faz em outros mercados”, detalha.

Ela ainda completa: “Precisamos ser adultos ao falar do que perdemos, pois vamos abrir possibilidade de especulações ainda maiores na hora em que fomentarmos uma parte não obrigada”.

A líder sênior destaca que sempre há uma tendência de discutir os preços dos créditos, mas que isso tira o foco do tema central. “O grande objetivo que visualizamos é como trabalhar para que os CBios saiam de um crédito de descarbonização para que possam ser conduzidos para um crédito de carbono”, enxerga.

Ela também aponta que há diferentes reações quando se observa que os créditos de carbonos da Europa ou dos Estados Unidos têm contratos sendo fechados a US$ 50, mas ainda se discute um preço de R$ 50 no Brasil.

“Parece que damos um ‘looping’ na construção inicial do programa. Com isso, faria sentido pensarmos em um mercado a termo? Ou em um instrumento de derivativo futuro?”, questiona.

Por Gabrielle Rumor Koster

Fonte: NovaCana