
A origem do etanol brasileiro começou na região Nordeste, passou para São Paulo e agora está sendo assumida pelo Centro-Oeste. O desenho foi feito pelo diretor executivo da Biond MT, Giuseppe Uchoa Ribeiro Lobo, nesta terça-feira, 16, durante a Conferência NovaCana.
Ele aponta que os estados do Centro-Oeste estão assumindo protagonismo, com cada vez mais novos projetos de usinas sendo desenvolvidos. Além disso, vários anúncios também envolvem a região.
“O novo eixo está sendo o Centro-Oeste e tende a crescer mais”, destaca Lobo. De acordo com ele, o Mato Grosso tem uma capacidade produtiva de 7 bilhões de litros de etanol. Deste total, 1 bilhão de litros seriam advindos da cana e o restante, do milho.
Ainda assim, ele aponta que há um desafio logístico. Lobo cita que o estado está no “coração” do Brasil e da América do Sul, o que dificulta chegar aos pontos de destino, como portos ou refinarias.
Por conta disso, o diretor reforça a necessidade de incentivar a competição dentro dos modais. Uma das opções foi a extensão da malha ferroviária, que agora chega até Lucas do Rio Verde (MT), cidade que agrega cerca de 4 bilhões de litros de etanol, considerando as grandes usinas da região.
Há ainda a perspectiva de utilizar multimodais, segundo ele. O etanol de milho pode passar pela Ferrogrão, um projeto de infraestrutura de ferrovia de quase mil quilômetros, que visa conectar Sinop (MT) a Miritituba (PA). Para completar, as indústrias também estão considerando o uso de dutos.
Também em relação ao aumento do biocombustível fabricado a partir do grão, Lobo reafirma que a evolução induz não apenas a produção de milho, mas a de proteína animal. Afinal, os grãos secos de destilaria (DDGs) são utilizados na pecuária de confinamento.
Etanol como solução climática
Durante o evento, Lobo comentou sobre a possibilidade da indústria de etanol de milho negativar suas emissões de carbono. A FS, por exemplo, já possui um projeto de captura e injeção de CO2 no solo e, segundo ele, outras unidades também estão estudando a possibilidade.
“A partir de 2026, poderemos ter biocombustível com carbono negativo no Mato Grosso, um grande ativo que outros estados também devem aderir”, declara Lobo. Além disso, o executivo revela que há um estudos no Paraná para a construção de uma planta de biometano que utilizará dejetos animais como matéria-prima.
“Começa com o milho, que gera etanol e DDG; tem fomento na pecuária de confinamento, que era um passivo ambiental; e agora têm conversas de uso de dejetos da vaca para usinas de biogás e biometano, que vão servir para geração de energia”, resume. Para Lobo, esses investimentos são mais um passo para a descarbonização da matriz energética brasileira.
Fonte: NovaCana