Demanda por biodiesel impulsiona óleo de soja a recorde na indústria

Biodiesel – Foto: Divulgação / Cetesb

Um estudo recente do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) aponta uma mudança marcante na rentabilidade da indústria de esmagamento de soja. Pela primeira vez em anos, a contribuição do óleo de soja para a margem de lucro quase se equiparou à do farelo, alterando um equilíbrio histórico no setor.

De acordo com os pesquisadores, esse resultado tem relação direta com o fortalecimento da procura pelo óleo brasileiro, em especial pelo segmento de biodiesel, que vem ampliando sua participação no consumo interno. O movimento reflete não apenas questões de mercado, mas também políticas de incentivo e a busca por alternativas energéticas menos poluentes.

Os números confirmam o caráter inédito do cenário. Em 11 de setembro, o farelo representava 51% da margem da indústria, enquanto o óleo alcançava 49%. Essa diferença mínima mostra como o óleo de soja vem ganhando espaço rapidamente. Para se ter uma ideia, em 2023, o farelo respondia, em média, por 62,2% da margem, contra apenas 37,8% atribuídos ao óleo.

A base de cálculo considera os preços praticados no estado de São Paulo para o grão de soja, o farelo e o óleo, todos acompanhados pelo Cepea. Historicamente, o farelo sempre foi o protagonista nas margens de esmagamento, já que é muito demandado pelo setor de ração animal, sobretudo no Brasil e na Ásia. O novo quadro, no entanto, mostra que a dinâmica do mercado começa a se reorganizar.

Esse avanço do óleo de soja também pode sinalizar mudanças no comportamento dos agentes industriais e comerciais, que tendem a redirecionar estratégias de produção e exportação diante da maior valorização do produto. Além disso, abre espaço para discussões sobre competitividade internacional, já que o Brasil é um dos maiores exportadores mundiais tanto de farelo quanto de óleo de soja.

Por Vanessa Faria

Fonte: Capitalist