
Na última semana, a seção 301 dos EUA voltou a ser alvo de discussões que já envolvem o mercado de etanol. Líderes brasileiros, que participaram de delegações em Washington, sinalizam que o setor de biocombustíveis pode ser a chave para reverter tarifas que afetam produtos agrícolas, segundo reportagem do Agro Estadão.
O presidente da CIESP, Rafael Cervone, declarou que “mexer no mercado de etanol” é um ponto de foco nas negociações. Este posicionamento foi reforçado no Conselho Superior de Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Cosag/Fiesp), onde o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), alerta que um distanciamento com os EUA abrirá espaço para a China, maior concorrente do agronegócio.
O professor do Insper Agro Global, Marcos Jank, ressalta que os EUA estão em “neomercantilismo” – um cenário em que os antigos acordos comerciais não funcionam mais, podendo “desarranjar” as cadeias globais. O ex‑embaixador Rubens Barbosa acrescenta que acordos entre EUA e China podem ter consequências diretas para a soja brasileira, pois os EUA poderiam aumentar a compra de produtos agrícolas americanos em vez de industriais.
Para mitigar esses riscos, o Brasil busca novas avenidas. Negociações estão em andamento com o Mercosul, Emirados Árabes Unidos, Canadá, México, Japão, Indonésia e Vietnã. Os acordos, entretanto, tendem a demorar e, por isso, a urgência das medidas de defesa deve focar no etanol como ferramenta de barganha e na diversificação das parcerias comerciais.
Íntegra da matéria: Estadão