
DE OLHO NO BIODIESEL BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (01/09 a 05/09/2025)
De acordo com os dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o mercado brasileiro de diesel registrou seu melhor desempenho histórico em julho, com distribuidoras comercializando 6,25 milhões de m³ do combustível, superando o recorde anterior, de outubro de 2024 (6,23 milhões de m³) e crescendo 3% em comparação ao mesmo período de 2024. O resultado foi impulsionado principalmente pela forte demanda do Centro-Oeste, que avançou 12,1%. No acumulado do ano, o consumo atingiu de 39,5 milhões de m³ de diesel, aumento de 2,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
As entregas de biodiesel também estabeleceram novo recorde com 886,5 mil m³ negociados, aumento de 12,1% em relação ao mês anterior e 7,4% comparado ao mesmo mês de 2024. O óleo de soja foi a matéria-prima mais utilizada na produção do biocombustível, com 79,2% do total, seguidos pelos materiais graxos e gorduras animais.
O mercado de petróleo passou por intensa volatilidade na semana, influenciados por múltiplos fatores geopolíticos e fundamentalistas. Os preços foram inicialmente suportados pelos prêmios de risco no Leste Europeu em decorrência do conflito russo-ucraniano, que deixou cerca de 17% da capacidade de refino da Rússia inoperante após ataques de drones, afetando importantes regiões produtoras, como Krasnodar e Samara, além de impactar oleodutos e terminais de exportação. O mercado também reagiu positivamente aos dados econômicos da China, onde o Índice de gerenciamento de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial avançou para o maior patamar em cinco meses, embora os novos pedidos de exportação tenham operado em queda pelo quinto mês consecutivo.
No entanto, os preços enfrentaram pressões baixistas em razão das expectativas de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) possa flexibilizar suas cotas produtivas na reunião de setembro, buscando recuperar market share. Outro ponto relevante foi a alta dos estoques americanos divulgada pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE, na sigla em inglês), um aumento de 2,4 milhões de barris contra projeções de queda.
O óleo de palma encerrou a semana com tendência de recuperação após superar as preocupações iniciais sobre o aumento dos estoques na Malásia. O mercado enfrentou pressões baixistas graças às estimativas de crescimento de 2,5% na produção malaia e expectativa de aumento de 4,1% nos estoques em agosto, sexto mês consecutivo de incremento das reservas.
No entanto, o cenário se reverteu com estimativas positivas das importações indianas, que teriam totalizado 993 mil toneladas em agosto, representando o maior volume mensal em 13 meses. O contrato de novembro fechou cotado a USD 1.059,4/t, com avanço de 2,1%, apoiado também pelas estimativas de crescimento de 10,2% a 15,4% nos embarques malaios e pela notícia de que 13,7% das áreas de palma estão infectadas pelo fungo Ganoderma, o que pode impactar a produção futura.
O óleo de soja também registrou volatilidade, com o mercado permanecendo em compasso de espera por definições da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês) sobre os créditos das pequenas refinarias e o programa de biocombustíveis, além de aguardar informações sobre o crédito fiscal 45Z, que não foram divulgadas conforme esperado. As incertezas nas negociações comerciais entre EUA e China continuaram gerando preocupações sobre a demanda chinesa no quarto trimestre, especialmente considerando que a China tem privilegiado a compra de soja na América do Sul em detrimento da americana.
Apesar das pressões externas, alguns fundamentos domésticos americanos mostraram sinais positivos. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) divulgou dados de esmagamento de soja em julho, que totalizaram 5,57 milhões de toneladas, representando crescimento de 4,0% mensal e 5,9% anual, enquanto o consumo de óleo de soja avançou 5,0%, para 847 mil toneladas. No acumulado dos 10 primeiros meses da temporada, o esmagamento já alcança 56 milhões de toneladas, com crescimento anual de 6,0%.
O contrato de outubro/2025 do óleo de soja negociado na Bolsa de Chicago (CBOT, na sigla em inglês) encerrou em 50,81 cents/libra na sexta-feira (05/09), apresentando desvalorização de 1,72% na semana. Já o prêmio de outubro/2025 do óleo de soja em FOB Paranaguá ficou estável, fechando a semana em zero cents/libra. O flat price do óleo de soja FOB Paranaguá fechou em US$ 1.120,17/ton, uma desvalorização de 1,72% em relação à semana anterior.

No levantamento realizado pela SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel teve uma semana de baixa movimentação, com um volume de venda de somente 830 m³, redução de 77% em relação à semana anterior, com destaque para o volume de 530 m³ em Mato Grosso. O preço médio apurado na semana foi de R$ 5.881/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS, com desvalorização de 0,6% em relação à semana anterior.

Segundo a ANP, as distribuidoras de combustíveis contrataram 1,81 milhão de m³ de biodiesel para o quinto bimestre do ano, volume que supera em 29% a meta estabelecida de acordo com as regras da Resolução da ANP nº 857/2021. A rodada de negociação foi marcada por uma forte valorização dos fees, chegando a superar R$350/m3 em algumas regiões.
A maior parte do volume negociado no mercado brasileiro tem sua precificação baseada no conceito de paridade de exportação do óleo de soja, principal matéria-prima utilizada para a produção do biodiesel, adicionando uma parcela fixa chamada “fee” no jargão de mercado, que na prática, é o valor negociado entre produtores e distribuidores.
Segundo o levantamento realizado entre 25 e 31/08 pela ANP, o preço médio do biodiesel negociado entre usinas e distribuidores na última semana do mês ficou em R$ 5.635,79, valorização de 0,5% em relação ao valor médio da semana anterior. O Norte e Sudeste tiveram as maiores valorizações, com 1,3% e 1,2%, e a região Sul, com a desvalorização de 1,1%. O mercado acumula uma redução de 11,0% no ano.